HISTÓRIA DE
SOLIDARIEDADE
O Instituto dos Cegos, desde
os idos de minha infância, incorporou-se à nossa memória afetiva. Morávamos em frente
ao casarão da Bezerra de Menezes. E essa proximidade nos levou a uma natural simpatia
pelo trabalho generoso que ali se desenvolvia.
Meu pai, Waldemar de Alcântara, médico, observava a ação não
apenas pelo lado da solidariedade, mas como algo da maior relevância para a prevenção e
combate à cegueira. E o conhecimento com os colegas que militavam na então denominada Casa
dos Cegos o levou, também, a envolver-se nessa cruzada. Juntou-se a Hélio
Góes, a Sylvio Leal, ao grande padre Arquimedes Bruno, a Aluisio Riquet, João Matos,
Abner Amaral, Arnaud Baltar e tantos outros pioneiros da Sociedade de Assistência
aos Cegos - SAC, que chega agora aos 60 anos de existência.
Desde a juventude acompanhei meu pai em sua militância na SAC,
da qual, aliás, foi presidente de 1961 a1964. Freqüentando suas festas sociais e
esportivas, outras vezes as suas movimentadas reuniões, sempre percebi a
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dimensão do idealismo daqueles homens e mulheres
devotados a uma causa nobilíssima.
Este livro, feliz lembrança da atual diretoria da SAC,
registra a história dessa luta, autêntica saga que merece o reconhecimento público por
sua obra extraordinária, que, ao longo dessas seis décadas, privilegia o apoio ao
deficiente visual, atenuando sua diferença, sinalizando para uma integração social no
contexto em que atuam.
A Sociedade de Assistência aos Cegos documenta,
aqui, a luta assumida pelos bravos fundadores e dirigentes dessa Sociedade, hoje
materializada no Instituto dos Cegos, escola de referência no campo
brasileiro da escolarização e profissionalização dos cegos; no Hospital Alberto Baquit
Júnior; na Imprensa Braille, imprimindo obras didáticas e até jornais diários de
Fortaleza, disponibilizados à comunidade cega, e já ingressando, também, efetivamente,
na era da informática, através do Dosvox, sistema de computação adaptado aos
deficientes visuais.
Neste livro encontramos uma das mais sensíveis histórias de
solidariedade, único alimento para nossas vidas.
Lúcio Alcântara
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