ASSOCIAÇÃO MÉDICA CEARENSE - BOLETIM INFORMATIVO
ASSOCIAÇÃO MÉDICA CEARENSE
BOLETIM INFORMATIVO
Edição nº 10 - Janeiro a Março de 2007

Fortaleza - Ceará - Brasil
http://www.amc.med.br
Editorial
Uma doença chamada VIOLÊNCIA


    Pensei muito em como iniciar este editorial que a princípio deveria falar de união, mas, como estou revoltada e preocupada com o futuro, resolvi avaliar o que tem levado as pessoas a atos violentos como a morte dos estudantes de medicina, Leonardo e Marcelo. O assassinato dos jovens por um homem que deveria está apto a zelar pela segurança da população, nos deixa imaginando como será o futuro da humanidade, caso não tomemos medidas imediatas e definitivas para coibir fatos semelhantes a este, cada vez mais freqüentes na mídia.
    Vimos há dias a morte do pequeno João Hélio, vítima de pessoas que fizeram do crime sua única maneira de viver, não importando a que conseqüência o mesmo levaria: morte, seqüelas, lutos, dor, perdas, ou seja, uma completa distorção da sociedade e uma total desvalorização da vida humana. Quem não se lembra do ônibus queimado com pessoas dentro, assaltos em clínicas que culminou com a morte do Dr. Waldo Pessoa, balas perdidas que deixaram uma mocinha paraplégica, garotos que matam índios em calçadas, meninas estupradas, “bebê de colo” violentada e morta, homens bombas, pais que batem em seus filhos, namorados/maridos que agridem suas parceiras, filhos que matam pais e avôs por dinheiro, rapazes e moças de classe social favorecida que adentram o caminho da criminalidade, seqüestros, enfim, todas as formas de violência vivenciada pela sociedade. A população, na maioria, vem tendo uma atitude de se proteger, enclausurando-se e deixando espaço livre para a proliferação do crime.
    O que leva um ser “humano” a praticas que culminem com prejuízo à vida de outro? Lares construídos sem estrutura, desnível social, famílias desajustadas, globalização, ilusão de vida fácil, educação precária, desorganização social, condições desiguais de trabalho, doenças psiquiatras, drogas, álcool e infelicidade são diagnósticos que somados, ou não, podem determinar atos agressivos inaceitáveis. Nada justifica uma atitude violenta e, é papel do cidadão, cobrar da autoridade responsável condições de segurança para que tenhamos uma vida sem riscos e que num futuro, o mais próximo possível, não venhamos a presenciar um descontrole da criminalidade.
    Sabemos da dificuldade em corrigir os erros que culminaram com os altos índices de violência, porém, é inconcebível a demora em realizar medidas mínimas, tais como: ruas iluminadas, vigiadas, sinalizadas e locais públicos bem guardados e monitorados por policiais preparados e remunerados de forma digna. Tomadas essas atitudes temos certeza que amenizariam-se os crimes. Escolas públicas preparadas para educar e colocar o estudante no mercado de trabalho de forma competitiva é o maior desafio de um grande gestor. Cobremos dos prefeitos, governadores e presidente e de suas equipes, programas de governo confiáveis e executados que tragam mais segurança e garantam as crianças e futuros adultos, condições de educação e emprego.
    Faz-se necessário uma modernização do código penal, discutido com a sociedade, garantindo assim, o direito de participação ativa do cidadão. O que dificulta tanto esta modificação do código penal? Existem interesses outros por trás deste tema?
    Muitas vezes, nos colocamos somente como parte falante e cobrando uma atitude dos gestores, no entanto, podemos atuar conjuntamente nas transformações. Como as instituições podem agir na diminuição das taxas de criminalidade? Vem-me à mente múltiplas maneiras de participar: fiscalização do cumprimento das leis, realização de campanhas educativas contra a violência (seja ela doméstica ou não) tanto no meio médico como em escolas, comunidades, associações de bairros, como participando e promovendo eventos de resgate da PAZ.
    Não é fácil esta mudança, mas é possível. Cabe a nós, unidos, como queria escrever ao iniciar o texto, a função de transformadores do mundo. Iniciemos com o nosso universo.
    Participe deste movimento e envie para a AMC idéias de proliferação e tratamento desta doença chamada violência.

Marjorie Mota
Presidente da Associação Médica Cearense

Nota de esclarecimento:
O Médico Waldo Pessoa era Presidente da Sociedade de Assistência aos Cegos - SAC na época que foi brutalmente assassinado.


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