A HISTÓRIA DE LOUIS BRAILLE
Todos já ouviram falar do processo
Braille. Mas pouca gente sabe porque o sistema é chamado Braille. |
Desde muito pequeno, Louis Braille costumava brincar na oficina de seu pai com os pequenos retalhos de couro usado na confecção das selas. Não se sabe exatamente em que dia e mês mas, com apenas três anos de idade, louis brincava na oficina (como de costume) e pegou uma suvela de ponta muito fina, um dos instrumentos de retalhar o couro, e experimentou imitar o trabalho do seu pai. Ao tentar perfurar um pedaço de couro com a suvela pontiaguda e afiada, aproximou-se do rosto. O couro era rijo e o pequeno forçava-o para cortar. Em dado momento a suvela resvalou e atingiu-lhe o olho esquerdo, causando grave hemorragia. Simon René tomou o garoto nos joelhos e com um pouco de água fresca lavou o olho machucado. Uma velha senhora, conhecida por suas curas, preparou e aplicou compressas estacando a hemorragia. O médico de Coupvray também foi chamado para tratar o garoto, mas a sua precisão também foi inadequada. Não havia auxílio médico positivo para eliminar o centro da infecção. Veio a conjuntivite e depois a oftalmia. Alguns meses mais tarde a infecção atingiu o outro e a cegueira total adveio quando Louis estava com cinco anos. |
Seus pais ainda tentaram tratamentos.
Procuraram consultar um oculista num hospital da cidade vizinha mas, todos os esforços
foram em vão; a infecção generalizada havia destruído as córneas.
Aos oito anos teve que andar com uma bengala de madeira que lhe
orientava no sentido de perceber quando saía do caminho, penalizando assim todo o povo da
cidade.
O Garoto cego que sempre demonstrou muita vivacidade e
inteligência contou com a amizade e atenção do Abade Jacques Palluy. Graças a ele,
Louis Braille começou a desenvolver sua natureza investigadora e familiarizar-se com o
mundo. Abade levava o garoto ao velho presbitério e nos seus jardins, procurava
ensiná-lo. Teve assim, em sua primeira infância uma orientação cristã, que marcou sua
vida através de seu amor, sua bondade e sua humildade. A pedido do Abade Palluy, Louis
Braille foi aceito pelo professor Brecharet em sua escola escola onde freqüentou durante
dois anos demonstrando muita inteligência e interesse.
Aos 15 de fevereiro de 1819, com 10 anos de idade, Louis partiu
com seu pai com destino a Paris para estudar daí em diante na Instituição Real, para
Jovens Cegos. Seus pais preocuparam-se coma possibilidade de ter seu filho fora de casa.
Mas quando perceberam as vantagens que ele teria em sua educação, concordaram e fizeram
milhares de planos para o futuro do filho.
Louis, que era o mais jovem estudante, foi se ajustando à
escola, aos professores, aos supervisores e aos colegas. Participava com entusiasmo da
recreação, gostava de música clássica, e apesar das condições do ensino da música
não serem ideais, ele tornou-se em excelente pianista e mais tarde talentoso organista do
órgão de Norte Dame das Champs. As instalações da escola onde Louis estudava não eram
nada boas; as instalações eram úmidas e frias, completamente e inadequadas. A
disciplina era rígida e os alunos recebiam punições físicas até isolamento a pão e
água. Louis Braille não escapou às punições. Lá aprendeu a ler, isto é, aprendeu a
reconhecer 26 letras do alfabeto com a ajuda dos dedos. Mas as letras tinham várias
polegadas de abertura e de largura. Este era o sistema primitivo de leitura. Um pequeno
artigo enchia muitos livros e cada livro pesava, nove libras. Apesar das dificuldades,
Braille conclui o período escolar com brilhantismo, chegando a receber um certificado de
mérito por sua habilidade em cortar e fazer chinelos.
Mais tarde, Louis, tornava-se professor da mesma escola. As
dificuldades de criar em sistema de leitura e escrita para pessoas cegas. Ele queria
encontrar um sistema melhor de leitura mas não foi fácil.
Meses depois, Louis foi gozar dois meses de férias em casa, onde
teve a alegria de rever seus familiares. Então, disse a seu pai: "- Os cegos são
pessoa mais solitárias do mundo! Eu posso distinguir o som de um pássaro de outro som.
Eu posso distinguir a porta da casa só pelo tato. Mas, tem tanta coisa que eu nem posso
sentir e nem ouvir. Somente livros poderão libertar os cegos mas, há nenhum livro para
nós lermos."
Um certo dia, Louis está sentado num restaurante com um amigo
que lia o jornal para ele. O amigo leu o artigo a respeito de um francês, Charles Barbier
de la Serre, Capitão de Artilharia do exército de Louis XIII, que devido as dificuldades
encontradas na transmissão de ordens durante a noite, elaborou um sistema de escrever que
ele podia usar no escuro. Ele o chamava "escrita noturna", o capitão usava
pontos e traços. Os pontos e traços eram em alto relevo, os quais combinados, permitiam
aos comandados, decifrar ordens militares através do tato. Barbier pensou então, que seu
sistema poderia chegar a ser utilizado para pessoas cegas. Transformou-o então num
sistema de escrita para cegos de denominou "Grafica sonona". O método de
Barbier, apesar de considerado complicado foi adorado na Instituição como "método
auxiliar de ensino". Quando Louis ouviu falar nisso, ficou entusiasmado. Ele começou
então a falar alto e chorar. "Por favor, Louis", disse seu amigo " O que
aconteceu? Todos estão olhando para você" "Pelo menos eu encontrarei uma
resposta para o problema dos cegos", disse Louis. Agora podem os cegos se libertar.
No dia, seguinte, Louis foi com um amigo ver o capitão e
perguntar sobre seu sistema. O capitão disse que usava um objeto pontiagudo para fazer os
pontos e traços num papel grosso. Certos sinais significam uma coisa, outros significam
outra coisa. O objeto que o capitão usava para imprimir os pontos e os traços,
acidentalmente era o mesmo jeito do objeto que ele tinha furado os olhos antes."Eu
estou certo de que posso usar este sistema", disse Louis.
Louis Braille aprendeu com rapidez a usar os sistema e trocava
correspondência com seus colegas de turma.
A escrita era possível com uso de uma régua guia e de um
estilete. Como o sistema de Barbier apresentava uma série de dificuldades, como
impossibilidade de se representar símbolos matemáticos, sinais de pontuação, notação
musical, acentos, números, além desses caracteres, serem lidos com dificuldade por
aqueles que haviam perdido a visão no percurso de suas vidas, mas não tanto pelos cegos
de nascença, Braille começou a estudar maneiras diferentes de fazer os pontos e traços
no papel. Suas próprias férias foram dedicadas exclusivamente ao estudo do seu novo
sistema. Passou noites experimentando incansavelmente sobre a régua e o estilete que ele
próprio inventou. Quando voltou para as aulas, tinha seu invento pronto.
Aos 15 anos de idade inventou o alfabeto braille, semelhante ao
que se usa hoje, um sistema simples em que usava 6 buracos dentro de um pequeno espaço.
Com esses 6 buracos dentro deste espaço, ele pôde fazer 63 combinações diferentes.
Cada combinação indicava uma letra do alfabeto ou uma palavra. Havia também
combinações para indicar os sinais de pontuação. Cedo Louis escreveu um livro usando o
Sistema Braille.
Louis apresentou sua invenção ao Diretor, e este, apreciou o
seu trabalho e autorizou-o a experimentá-lo no Instituto. Seus colegas aprenderam
rapidamente o método. Louis continuava seus estudos, embora continuasse sempre
trabalhando em sua pesquisa. Como foi sempre um dos primeiros alunos, logo começou a
ensinar álgebra, gramática e geografia.
Mais tarde, aplicou seu sistema à notação musical. Seu
alfabeto permitiu a transcrição de gramáticas e livros de textos para pessoas
deficientes visuais. Um de seus alunos, Coltat, tornou-se seu grande amigo e mais tarde
biógrafo, tendo escrito o livro em sua homenagem "Notas Históricas sobre Louis
Braille", onde narra detalhes de sua vida na Instituição.
Sua saúde era bastante deficiente, pois aos 26 anos contraiu
tuberculose. Apesar disso, escreveu, "Novo método para Representação por Sinais de
Formas de Letras, Mapas, Figuras Geométricas, Símbolo Musicais, para uso de Cegos".
Mais tarde, na inauguração do novo prédio do Instituto Real
Jovens Cegos, Braille teve a alegria de ver que o sistema foi demonstrado publicamente e
declarado aceito. Foi este o primeiro passo para a aceitação geral. Daí, o seu uso
começou a expandir-se na Europa. Nesta época, sua doença foi progredindo e sua saúde
foi se tornando frágil. Em 1850, já com 41 anos, pediu demissão do cargo de professor,
mas continuou dando lições de piano.
Um dia um garoto cego de nascença tocou muito bem para uma
grande audiência. Todo mundo que estava presente ficou muito satisfeito. Então, o garoto
levantou-se e disse que o povo não devia agradecer a ele, por tocar bem e sim agradecer a
Louis Braille. "Foi Louis Braille, disse ele, que tornou possível que ele lesse a
música e tocasse piano." Ele disse que Louis Braille era um homem muito doente e
acrescentou que estava quase a morrer, subitamente muitas pessoas ficaram interessados por
Louis Braille, jornais escreveram artigos sobre ele. O governo também ficou interessado
no seu sistema de leitura para os cegos alguns amigos foram à sua casa vê-lo. Ele estava
no leito. Eles disseram a Louis o que estava acontecendo e o Louis começou a chorar. Ele
disse: "É a terceira vez na minha vida que choro: a primeira quando fiquei cego; a
segunda quando ouvi falar na escrita noturna e agora eu sei que minha vida não foi um
fracasso.
Em Dezembro de 1851, com 42 anos, sofreu uma recaída e
recolheu-se ao leito, e veio a falecer no dia 6 de Janeiro de 1852, dois dias após o seu
aniversário de 43 anos, confiante em que seu trabalho não tinha sido em vão.
Adaptado pela escola de cegos de Paris em 1854, logo se difundiu
por todo o mundo. Cada matriz do sistema Braille é formada por duas fileiras verticais
paralelas, que podem conter três pontos cada uma. Cada sinal de leitura, seja letra,
cifra ou sílaba, tem em relevo uma das possíveis combinações dos seis pontos
existentes. Assim, o tipo indicado pelas diferentes posições em que aparecem os pontos
em relevo assinala uma letra, em número, um sinal matemático, etc.
Em 1952, cem anos depois, seu restos mortais foram transferidos
da cidade de Coupvray para o Pantheon em Paris, pelo Governo Francês. Recebeu homenagens
por representantes de quarenta nações, na ocasião em que tomou seu lugar nos grandes
homens da França.
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