BREVE HISTÓRICO
SOBRE CEGUEIRA E EDUCAÇÃO ESPECIAL
O estudo da cegueira é muito antigo, porém, o uso indevido de drogas, epidemias, guerras e outros fatores acidentais à cegueira foi aumentando, exceto em períodos esporádicos de nossa história.
Ebers Papyrus - A mais antiga menção de doença de olhos. Foi escrito no Egito (1.553 - 1.550 A.C.) e foi descoberto em 1.872 na Necrópole de Tebas. O livro trata da cura de doenças em geral e dá uma lista de nomes de vinte doenças de olhos. A preocupação com a cegueira deve-se ao fato de grande número de cegos no Egito, que foi chamado por Hesíodo, "o país dos cegos".
Heródoto - Milhares de anos depois de escrito o "Ebers Papyrus" Heródoto viajando pelo Egito encontrou três especialistas em doenças de olhos. Nessa época os oculistas egípcios parecem ter sido muito famosos pois, Heródoto narra como Cyrus enviou Amasis (560 A.C.) para um oculista, pedindo o melhor de todo o país.
Hipócrates - Médico grego chamado "O pai da Medicina", relatou aproximadamente, trinta doenças de olhos.
Antiguidade Indú - A medicina dos antigos indús relata um lista de setenta e seis problemas de olhos.
Literatura Hebraica - Faz referência à cegueira: em prosa (cinco termos), em verso (nove termos). A literatura rabínica emprega o eufemismo falando de cegos e cegueira. A incidência de cegueira entre os judeus revela-se pela preocupação precoce, com legislação a esse respeito.
Tempos antigos - Nessa época povos bárbaros e civilizados trataram as doenças de olhos pelo uso de drogas ou exorcismo.
Grécia - O sacerdote Aslépio curava doenças de olhos no templo do sono ou seja, pela incubação. Depois de um banho com óleos; eram feitas preces e cantados hinos, queimava-se incenso com orvas, narcóticas para o paciente dormir. Enquanto o paciente dormia a visão poderia reaparecer. Usualmente os pacientes pagavam taxas e celocavam pedras votivas. Várias pedras foram descobertas em templos datando de aproximadamente 300 A.C. descrevendo tratamento de doenças.
Hebreus e Babilônicos - Usaram métodos semelhantes.
EDUCAÇÃO ESPECIAL
JOHNN METCALF - Teve uma vida bem agitada.
Nasceu de pais pobres no norte da Inglaterra em 1.717 e ficou cego aos seis anos de idade,
depois de ter frequentado algum tempo a escola elementar.
Entretanto a cegueira não interrompeu seu desenvolvimento físico normal. Gozando de
perfeita saúde aprendeu a nadar e cavalgar, e tinha grande facilidade para andar e
movimentar-se. Andava com tal facilidade que não demonstrava ser cego. Tendo inclinação
para o comércio dedicou-se a este ramo de atividades, viajando muito para isso. Em suas
viagens percebeu que a pavimentação das estradas nos arredores de seu lar no norte da
Inglaterra não estavam em condições boas. Assim realizou plano para pavimentação.
Ganhou assim a reputação de engenheiro pavimentando estradas e construindo pontes.
Parece ter sido o primeiro a utilizar paralelepípedos no calçamento.
Foi também grande músico e cantou para tropas reais tendo estado em serviço de campanha
na Escócia.
JACOB DE NETRA - Nasceu na Aldeia de Hesse na
Alemanha, nos meados do século XVIII. Ficou cego na primeira infância. Foi mandado para
a escola de sua aldeia onde aprendeu elementos de religião e algumas tarefas simples.
Tendo extraordinária inteligência foi capaz de inventar seus próprios métodos de
comunicação, escrita e leitura. Fez isso por meio de um sistema de entalhes que ele
cortava com sua própria faca em pequenos varetas. Com o uso dessas varetas, Jacob de
Netra dirigiu sua própria educação, até que finalmente despertou o interesse do pastor
da aldeia que compreendeu suas possibilidades de aprender.
Com seu sistema Jacob de Netra formou uma pequena biblioteca. Os livros eram formados de
feixes de pequenas varetas entalhadas. Ganhou grande reputação como homem de grande
sabedoria. Ganhou a vida como médico de ervas tendo preparado um grande variedade de
receitas com os feixes de madeiras entalhadas.
A invenção de seu sistema de símbolos de comunicações é especialmente significativa.
Esses casos isolados de educação de cegos são importantes pelos esforços que fizeram
para ter um lugar na vida social e econômica da comunidade.
Há uma crença comum que todas as pessoas cegas têm talento musical fora do comum. Isto
é porque pessoas cegas distinguiram-se como músicos.
Um desses casos é o de Maria Theresia Von Paradis.
MARIA THERESIA VON PARADIS - Nasceu em Viena,
em 1.759 e perdeu a visão aos três anos. Somente depois dos sete anos seus pais
descobriram seu ardente amor pela música e sua natural aptidão para sua aprendizagem.
Iniciou seus estudos e aos doze anos distinguiu-se tocando na igreja de Viena. Provocou
tal entusiasmo que foi chamada a tocar ante a Imperatriz. A Imperatriz concedeu uma
pensão para assegurar a sua completa educação musical.
Maria Theresia aprendeu música como uma profissão, mas não deixou de lado outros
estudos, adquirindo fina educação.
Em 1.784 fez uma viagem a Europa e quando de sua permanência em Paris encontrou Valentin
Haüy. Parece que ela teve grande influência no trabalho de Haüy tanto na fundação da
escola como na seleção de materiais para a educação de cegos. Ela salientou o
contraste entre sua refinada educação e a situação dos numerosos mendigos de Paris,
Viena e outras grandes cidades da Europa.
Maria Theresia chamou ainda atenção de Haüy sobre outros casos de educação de pessoas
cegas, como o de Wissmburg, na Alemanha ,que Haüy investigou mais tarde.
Outros casos de tentativa de educação de pessoas cegas antes de 1.784 merecem nota.
TRIBOS INDÍGENAS DOS ANDES - Quando os espanhóis conquistaram o Peru foi encontrado um sistema de comunicação e leitura por meio de nós em corda, os nós variando em tamanho, forma e distância de colocação. Esse sistema era chamado "Quippos" e foi usado sem dúvida por pessoas cegas e videntes.
RAMPAZETTO - Em Roma (1.575) o Franciscus Lucers, em Madrid (1.580), ensinaram algumas pessoas cegas a ler por meio de letras cortadas em pedaços de madeira.
HASDOREER - Em seu "Deleciae Matematicae e Physicae" publicado em Nuremberg em 1.651 descreveu um método de ensinar o cego a escrever sobre tábuas cobertas de cêra por meio de um estilete.
JACOB BERNOUILLE - E. 1.676 descendente de grande família de matemáticos suissos ensinou sua aluna cega Elizabeth Waldkirk a escrever acompanhando as linhas de letras cortadas em madeira. O sucesso de Bernouille foi tal que sua aluna aprendeu a escrever livremente com o lápis, sendo auxiliada no papel por um guia de madeira.
WEISSEMBURG - Nasceu em 1.756 em Manhein na
Alemanha. Seu professor Christian Niesen obteve grande sucesso em sua educação.
Weissemburg aprendeu a ler, escrever, matemática, geografia e física. Em sua educação
foram usados muitos instrumentos entre eles o aparelho de encaixe inventado por
Saunderson. Ele foi o primeiro cego a usar mapas em relevo. Sua educação teve
influência no trabalho de Haüy.
Louis Braille - Criou no século XIX o genial método de leitura e escrita para pessoas cegas. Usado até hoje.
Movimentos importantes no século XIX na Europa
e nos Estados Unidos:
- O Dr. Jean Mare Itard, na França (treinar e humanizar).
- Horace Mann e Samuel Gridley (nos Estados Unidos).
- Dr. Edward Seguin - estudou os métodos para o trabalho com o
excepcional.
- 1817 - 1850 - marcou época o grande número de escolas para cegos,
surdos e retardados mentais.
- 1829 - Foi organizada a Escola:
A Massachusetts School For The Blind and Perkins
Institution.
- 1832 - O New York Institute For The Education Of The Blind.
- 1848 - Nos Estados Unidos, participou na instalação de hospitais
em, 1876 - primeiro presidente da Associação Americana de Deficiência Mental. (Edward
Se).
- 1862 - Dezenove Escolas dos Estados abrigavam grande número de
crianças excepcionais.
- 1872 - Época marcada por mais escolas num total de dez que vieram
para fortalecer o trabalho.
- 1897 - Dra. Deteressa Maria Montessori - Roma - iniciou trabalho
baseado no ensino e treinamento dos músculos e dos sentidos, surgindo o método
Montessori.
- Dr. Ovide Decroly, Bruxelas - utilizou-se de muitas jogos para
treinamento muscular e sensorial.
- Alice Descoendres - acrescentou várias atividades para tornar o
conhecimento uma parte integrante e útil da vida da criança.
- Dr. Alfred Binet - cientista da Psicologia Esperimental elaborou
testes para medida da inteligência de acordo com uma escola de idade.
- 1959 - Promulgado novo ato legal que colocava como objetivo final de
todo serviço de Educação Especial, o seguinte: - necessário criar condições de vida
para a pessoa retardada mental.
- 1969 - Bengt Nirge - Suécia - chamou atenção para as
consequências práticas da nova teoria sobre o princípio da normalização reafirmado
por Wolfensberger.
- 1978 - Mikkelsen afirma que: normalizar não significa tornar o
excepcional normal, mas que a ele sejam oferecidas condições de vida idênticas às que
outras pessoas recebem.
No Brasil:
- O Instituto Benjamin Constant (Rio de Janeiro - RJ) foi criado pelo
Imperador D. Pedro II através do Decreto Imperial n.º 1.428, de 12 de setembro de 1854,
tendo sido inaugurado, solenemente, no dia 17 de setembro do mesmo ano, na presença do
Imperador, da Imperatriz e de todo o Ministério, com o nome de Imperial Instituto dos
Meninos Cegos. Este foi o primeiro passo concreto no Brasil para garantir ao cego o
direito à cidadania. Foi também a primeira instituição de Educação Especial da
América Latina.
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