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Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Quarta-feira - 26-09-2001
Fortaleza - Ceará - Brasil
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Feira mostra trabalho conjunto de cegos e videntes


     Uma feira de ciências e cultura mais do que animada agitou o dia de ontem dos 160 alunos do Instituto de Cegos Dr. Hélio Góis Ferreira. As crianças e adolescentes - a maioria deficientes visuais ou com visão subnormal - usaram painéis, cartazes e fitas de vídeo para abordar temas como a poluição ambiental e os meios de comunicação. É a quarta versão da feira. Entre os alunos, crianças com visão normal dividem com os meninos deficientes o crédito dos trabalhos, que têm em comum uma lição de vida: respeito e quebra de preconceitos.

Foto do Jornal Diário do Nordeste
Os 160 alunos do Instituto de Cegos
mostraram trabalhos

     Uma das vedetes da feira é a biblioteca, com livros, revistas e jornais do dia em Braille (o alfabeto próprio para leitura de deficientes visuais), confeccionados na Imprensa Rosa Baquit. Também estavam expostas lentes de ampliação (para visão subnormal), maquetes e desenhos.

     A estratégia de ter crianças com visão normal estudando no Instituto começou a ser posta em prática há cerca de três anos. O objetivo é quebrar barreiras de preconceito antes mesmo que elas apareçam, explica a arte educadora Ruth Queiroz. “A criança não tem preconceito. Quem tem é o adulto”, diz ela. “Com essa convivência, a criança que enxerga vai ser multiplicadora da experiência de conviver com os cegos”.

     “Por uma deficiência, a pessoa não pode deixar de fazer o que gosta”, diz Ana Laís, do alto dos seus nove anos de idade. Ela é “vidente“ e compartilha os trabalhos com os colegas sem visão. Os outros estudantes dizem que a troca de experiências é muito rica. “Eles nos ajudam e retribuímos”, afirma João Guilherme, um menino de 11 anos.


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