Imagem do Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Quarta-feira - 21-07-2004
Fortaleza - Ceará - Brasil
http://www.diariodonordeste.com.br
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Transplantadas as córneas do músico da Banda Líbanos


     As córneas do baterista da Banda Líbanos, Raimundo Nonato de Sousa Oliveira, de 37 anos, que morreu na sexta-feira, vítima de parada cárdio-respiratória, foram transplantadas ontem. Uma adolescente de 11 anos e uma senhora de 77 anos foram as beneficiadas pela doação autorizada pela família do músico. Elas eram as primeiras da lista de urgência do Banco de Órgãos da Central de Transplantes.

     As cirurgias foram realizadas no Instituto dos Cegos, hospital pioneiro neste tipo de transplante no Ceará, tendo sido o único com equipe preparada para este procedimento de 1982 a 1998.

     A primeira a receber uma das córneas foi a adolescente Maria Naiara Sousa Freitas, que entrou para a cirurgia às 9 horas. Este foi o seu segundo transplante decorrente do avanço do cerotocone, doença genética que vai afinando a córnea.

Foto do Jornal Diário do Nordeste
Maria Naiara Souza Freitas recebe o carinho
da mãe após a cirurgia

     O primeiro transplante aconteceu em abril de 2003. Naiara sofre da doença desde que nasceu, tendo passado por uma série de tratamentos no Instituto dos Cegos, de onde se tornou aluna aos quatro anos. Ela soube pela televisão que iria receber a córnea do baterista da Banda Líbanos.

     “A gente ouviu que era para uma garota de 11 anos e eu disse que era ela. Em casa, quem gosta da banda é a minha filha mais velha, de 13 anos, que ficou muito triste com o acidente, mas feliz por saber que a irmã teria a córnea do músico”, conta a mãe Maria Souza Duarte, mais aliviada com a realização do transplante. Segundo a mãe, a filha lacrimejava bastante, embora não sentisse dor.

     A segunda cirurgia ocorreu às 19 horas, beneficiando Isaura Luiza de Araújo Silva, que tinha úlcera com risco de perfurar a córnea. “Foi causada por uma infecção que não cicatrizou, daí a necessidade do transplante”, explica o médico responsável pelas cirurgias, Waldo Pessoa.

     Segundo ele, só o tempo vai dizer como será a recuperação das pacientes e de que forma a visão será recuperada. Afinal, é neste período que pode haver rejeição do organismo ao órgão transplantado. Cada cirurgia durou duas horas.

     O transplante nem sempre devolve a visão. “As vezes é para evitar dor futura, lacrimejamentos e complicações de uma doença”, esclarece a coordenadora do Banco de Olhos do Instituto dos Cegos, Elizete Gonçalves.


Volta página principal Maiores informações:
Volta página anterior envie Mail para Webmaster da SAC