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Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Quarta-feira - 12-04-2006
Fortaleza - Ceará - Brasil
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SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AOS CEGOS
Deficientes encenam a Paixão de Cristo

Foto do Jornal Diário do Nordeste
Atores com deficiência visual, cegos ou em processo de
cegueira realizaram uma via-crúcis pelo Monte Castelo

      Irreverência, criatividade, inovação e, acima de tudo, determinação foram marcas do espetáculo teatral da Paixão de Cristo, encenado por um grupo de 45 atores deficientes visuais, cegos ou em processo de cegueira, na Sociedade de Assistência aos Cegos. Os atores realizaram uma via-crúcis pelas ruas do bairro Monte Castelo, encenando passagens da vida de Cristo, sua paixão, morte e ressurreição, chamando a atenção dos moradores.

      Apesar de terem ensaiado apenas três semanas, os atores mostraram técnica e emoção na peça, evidenciando que não existe diferença no fato de serem deficientes visuais. “Isso mostra as potencialidades que a pessoa, mesmo cega, pode ter, ultrapassando todas as barreiras da discriminação”, explica Helô Sales, coordenadora de eventos e professora de teatro do Instituto dos Cegos.

      O lema da Campanha da Fraternidade é “Levanta-te, vem para o meio”, mas, para Helô, eles já estão no meio. “Eles são produtivos, são capazes, e assim como os outros, têm seus deveres e direitos”, destacou.

      A prova disso é Ednaldo Gomes Sacramento, de 27 anos, que representou um dos soldados do Império Romano, com bastante entusiasmo. Mesmo estando no lado oposto ao de Jesus, Ednaldo, que freqüenta o Instituto dos Cegos desde 2004, adorou participar da peça.

      “É a primeira vez que participo, estou achando ótimo porque envolve os deficientes e mostra o que somos capazes de fazer”, destaca. A parte que Ednaldo mais gostou foi a que Jesus deu a vida por toda a humanidade.

      Mesmo sem seguir nenhuma religião - sua mãe é evangélica e seu pai é da Igreja Universal- Benício Moreira do Carmo Junior, de 18 anos, que tem baixa visão, não teve qualquer dificuldade em encenar o principal ator: Jesus Cristo. Para ele, que já participa do grupo de teatro, foi uma honra representar Jesus.

      “Não tive nenhuma dificuldade. O fato de ser deficiente visual não quer dizer nada, se a pessoa tiver força de vontade, não vai ter nenhuma limitação”, destacou ele, que pretende atuar como Jesus na Paixão de Cristo do próximo ano.

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