Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Sábado - 29-09-1990
Fortaleza - Ceará - Brasil
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SEREIA DE OURO
Festa completa 20 anos de homenagem ao valor humano


Foto do Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Pediatra Aluysio Aderaldo recebeu a Sereia do
prefeito Juraci

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Oftalmologista Francisco Waldo Pessoa de Almeida
foi apadrinhado por Alberto Baquit

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Eduardo Campos recebeu cumprimentos do
governador (DF) Wanderley Valim

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Empresário Walder Ary teve como
padrinho Tasso Jereissati

      Pela 20ª. vez consecutiva, o Sistema. Verdes Mares, do Grupo Edson Queiroz, fez a entrega do troféu Sereia de Ouro a quatro personalidades que se destacam no Ceará. Ontem à noite, até as primeiras horas de hoje, os salões do Ideal Clube presenciaram a festa para os médicos Aluysio Soriano Aderaldo, Francisco Waldo Pessoa de Almeida, escritor Manuel Eduardo Pinheiro Campos e empresário Walder Ary.
      A festa que já premiou 80 figuras de destaque contou com a presença de quase mil pessoas. O cenário, decorado discretamente por Jacaúna Aguiar, música dos Brasas e José Maria Boas e um jantar à base de salada de camarão, peru à Califórnia e arroz, fez a grande noite, considerada por um dos agraciados, Eduardo Campos, "o complemento das mil e uma noites".
      Os primeiros convidados chegaram já a partir de 20h20min. Os anfitriões - dona Yolanda Queiroz (presidente do Grupo Edson Queiroz e seus filhos Ayrton, Lenise e Myra. - cumprimentavam um a um, os participantes da festa. Presenças detaque para empresários, políticos, artistas e educadores. A recepção durou exatas duas horas, mas já a partir das 21 horas começou a ser servido o coquetel.
      Durante o coquetel, os quatro sereiados recebiam os parabéns pelo troféu. A palavra de reconhecimento ao valor de cada um foi expresso por aperto de mão e abraço fraterno. Eram 22h30min, quando dona Yolanda recebeu o último convidado - governador Tasso Jereissati. Todos se dirigiram ao salão principal para iniciar a solenidade.
      Dona Yolanda Queiroz falou pelo Grupo Edson Queiroz ressaltando a importância de cada um dos quatro agraciados e assegurando que o Sistema Verdes Mares "dedicará ano a ano, maior empenho ao brilhantismo da Sereia de Ouro". No discurso de agradecimento dos homenageados, Eduardo Campos lembrou o líder empresarial Edson Queiroz, "um magnata que jamais deixou de ser operário..".

MODÉSTIA
      Os quatro agraciados com a Sereia de Ouro de 90 se mostraram surpresos com a escolha de seus nomes para receber o prêmio, ao mesmo tempo que se sentiram honrados com tamanha homenagem. "Nunca esperei receber a Sereia de Ouro. Nunca trabalhei para receber um prêmio deste tamanho...", confessou o médico oftalmologista José Waldo Pessoa de Almeida. Na seqüência o diretor do Instituto dos Cegos do Ceará completou: "O mérito não é só meu, mas de toda a equipe que faz o Instituto dos Cegos".
      A modéstia marcou a emoção de todos os agraciados com o prêmio do Sistema Verdes Mares. O jornalista, radialista, teatrólogo e escritor Manuel Eduardo Campos disse: "Os agraciados, excetuando a minha pessoa, são pessoas de alto merecimento, cada um em sua área de atuação ostentando apreciável liderança". Quando solicitada opinião sobre os agraciados de 90, o pediatra Aluysio Soriano Aderaldo registrou: "Muito superiores a mim, cada qual o mais prendado e mais merecedor da homenagem". Sobre a festa ele falou: "Uma festa linda, só que eu não merecia isto. Eu não sei por que me deram o prêmio. O que eu fiz foi um trabalho de médico de província; ensinar às novas gerações que hoje atuam, já que fui o chefe do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina".

      Sempre prestigiando a grande festa de entrega do prêmio Sereia de Ouro, desde 71, o empresário e industrial Walder Ary se mostrou satisfeito por receber o tão cobiçado prêmio. "Como sempre, nunca faltei a tão brilhante festa, e hoje a satisfação é ainda maior por estar recebendo a Sereia de Ouro numa das mais belas festas do Ceará". O senador Mauro Benevides, homenageado de 1985, se referiu à festa como um acontecimento dos mais marcantes para a vida social do Ceará. 

Exemplo de dignidade

Foto do Jornal DIÁRIO DO NORDESTE Foto do Jornal DIÁRIO DO NORDESTE 
Sereia de Ouro 90: Industrial Walder Ary, jornalista Eduardo Campos,
 os médicos Waldo Pessoa e Aluysio Aderaldo

Eis o discurso de D. Yolanda Queiroz:
Senhoras e Senhores
Caros Homenageado
      Há vinte anos o Sistema Verdes Mores: vem promovendo este evento social que, pela seriedade de sua organização, ganhou projeção e se firmou no conceito da nossa sociedade, com intensa e positiva repercussão e nível nacional.
      Nesses vinte anos temos exaltado, pelo merecimento, destacadas figuras da vida brasileira, notadamente àquelas cujas atividades transcenderam interesses pessoais e particulares, e espalharam benefícios, favores e notoriedade à terra alencarina e ao seu povo.
      Como nos anos anteriores, reunimos quatro personalidades de reconhecidos méritos, que embora atuando em áreas diferentes, constituem exemplo de trabalho, dignidade e sucesso.
      A classe médica está soberbamente representada pelos.Drs. Aluysip Sariano Aderaldo e Francisco Waldo Pessoa de Almeida. Profissionais dedicados, e desprendidos fazem de seu trabalho um apostolado e desenvolvem verdadeira lição de comportamento humanitário.
      Homenageando as nossas letras, agraciamos o escritor Manuel Eduardo Pinheiro Campos. Com privilegiada inteligência, tem sido pródigo em dar ao Brasil obra do mais alto valor literário, engrandecendo sobremodo a cultura cearense e orgulhando a todos os seus conterrâneos.
      Da área empresarial faz-se presente na homenagem desta noite, o industrial Walder Ary. Impetuoso e vencedor, que sabe valorizar o êxito alcançado nas suas várias atividades, e dá ao Ceará e ao Nordeste, vigorosa demonstração de esforço e seriedade.
      Vale dizer, finalmente, que na importância desta solenidade, a presença de cada um dos nossos convidados é motivo determinante de muita alegria para quantos fazem o Sistema Verdes Mares. Este prestígio que merecemos dos senhores, incentiva-nos a prosseguir, ano a ano, dedicando maior empenho ao brilhantismo da Sereia de Ouro.
      Muito Obrigada.

Lembrando Edson Queiroz

O escritor Eduardo Campos proferiu o seguinte discurso:

      Minhas senhoras;
      Meus senhores;
      Em memorável sermão, o dia Sexagésima, pregação na Capela Real, no ano de 1655, Pe. Antônio Viera se acudiu a indagar: "COMO HÃO DE SER AS PALAVRAS?" E, a tanto, esclareceu: "COMO AS ESTRELAS'. Distintas e claras.
      Que mais de desejável, por agora, em tão soleníssimo instante, quando não somos apenas um mais quatro corações agradecidos?
      Conquanto pretendemos guardar polida serenidade, sentimo-nos arrebatados pelo feérico deste inesperado e majestoso cenário em que nos inserimos pelas graças do Sistema Verdes Mares, e que nos surpreende e toca fundo ao coração de cada um de nós.
      Distintas, ciaras, as palavras.
      Assim como límpidas nos sejam os tons de nossa gratidão.
 

Foto do Jornal DIÁRIO DO NORDESTE

      Quando o admirável Ulisses, o divino Odisseu, navegava em direção à sua Ítaca, de retorno ao lar, foi advertido para não escutar o canto das sereias, sonoros e cativantes seres que viviam, como escreveu Homero, "a distância de um grito da praia". E ali, com o encanto e mavioso sons, elas tornavam presa fácil o viajante incauto.
      Narra o poeta, em atmosfera de drama, a exaustiva luta de Ulisses e seus companheiros de viagem, para frustrar a magia dessas surpreendentes mulheres-aves-fadas, ao referir de André Bonnard.
      Na viagem à consagração, que empreendemos esta noite, sob a confortadora alegria pela conquista do mais cobiçado laurel do Ceará, ainda que quiséssemos permanecer defendidos por justificadas modéstias, nada teria bastado para evitar fôssemos realmente. surpreendidos, qual nos sentimos agora, pelo canto da mais aliciante das sereias, a que esta noite, amorosamente, aprisiona-nos com tanta honra e carinho.
      Assim, em indescritível moldura de emoções, transcorre esta estonteante celebração efetivada com presenças e ausências.
      Paradoxal o que se menciona, mas compreensível.
      Em verdade, a um primeiro gesto de admiração, será fácil olhar e ver a alegria que nos cerca, o magnífico cenário da festa mais requintada do Ceará - da Sereia de Ouro - e, no entanto, a mais cordial pelo clima de confraternização e inesquecível encontro de sentimentos.
      Fácil olhar e ver - torno a dizer - na efervescente áurea que rios cinge, um quer que seja de como vente envolvência - ó que podemos seguramente nomear de felicidade - emoção tátil e comunicativa dos muitos amigos que esperávamos encontrar em ocasião que só podia ser esta, e que aqui vieram compatibilizar suas alegrias com as nossas, em inesperado e irrevogável contentamento espiritual.
      Percebível a todos,que aqui se encontram, a atmosfera de expectação e luz, assim como o irrepreensível indumento das damas, que concorre para atualizar a moda nesta esplendorosa noite, a que, em meu caso particular, não me foi contada em seguimentos às fascinantes Histórias das Mil e uma Noites.
      Mas as ausências, quais as presenças, igualmente importam hoje. Naquelas, firma-se a lembrança de amigos e familiares, e de quantos já partiram do nosso convívio. E, sobrelevando aos tão caros aos nossos sentimentos, certamente a ausência - presença maior - se possível mencionar desse modo - do grande inspirador da importante outorga desse reconhecimento público ora testemunhado, o líder empresarial Edson Queiroz, um magnata que jamais deixou de ser operário, um lutador que sempre empreendeu sob o firme propósito de servir ao Ceará e ao seu povo.
      Homem de palavra; operoso e digno, em quem cabia por inteiro o julgamento de personagem Shakespeareano:
      "Todo homem dá valor à vida, mas o homem de valor dá à honra um valor mais precioso do que a própria vida".
      Sob essa legenda enobrecente, deu prosperidade ao Ceará com suas indústrias, e o enriqueceu com as luzes de louvável complexo de ensino. A Universidade de Fortaleza.
      Despido de vaidades e mordomias, do mesmo modo que pilotava o progresso do Ceará, conduzia o seu próprio automóvel, cumprindo duas inadiáveis viagens, diariamente, a que o levava, perdulário de idéias e vontade-de-fazer, à sua oficina e trabalho, e a que o trazia de volta ao abençoado lar presidido ela apascentadora de seus sonhos, a adorável esposa, exemplar mãe de família. Sra. Yolanda Queiroz, nossa inexcedível anfitriã.
      Minhas senhoras; e meus senhores.
      O amor não une apenas os que vivem; efetiva a vivência com a eternidade.
      Os que souberam edificar, desempenhar-se com nobreza de espírito, jamais desaparecerão. Hão de permanecer ao nosso lado, ainda que não tenhamos o privilégio de os visualizar mais próximos, como desejável.
      Por isso, esta noite não é bela e grandiosa apenas pelos que, realente, estão nos honrando com suas presenças, mas pelos ausentes, permanentemente pressentidos.
      Aluysio Soriano Aderaldo, Francisco Waldo Pessoa de Almeida, Walder Ary e eu, em honra de tão aguda emoção, somos qual aquele menino do poema de Walt Whitman, que saía de casa, todo dia, e não percorria seu caminho, omisso às coisas e aos homens. Como escreveu o poeta:
      " .. .mudava-se no primeiro objeto que visse; esse objeto se tornava parte dele, um dia inteiro ou parte do dia, ou por muitos anos, ou longos ciclos de anos. Os lilases precoces tornavam-se parte desse menino. E a grama e as impoméias brancas e o trevo branco e verme-lho...".
      Pois bem, qual esse adolescente de coração tão receptível ao mundo e às coisas, principalmente à extraordinária bondade humana, vamos voltar para casa hoje com as alegrias de cada um dos senhores e a certeza de carregar conosco, para o "mais longo ciclo dos anos", a eternidade, as luzes, os sons, os tons cordiais, e, principalmente o amor, que felizmente acontece nesta esplendente noite, a que ainda faltava para nós, para completaras Histórias das Mil e uma Noites.

SEREIA DE OURO
20 anos de exaltação aos valores humanos

Foto do Jornal DIÁRIO DO NORDESTE

      O Sistema Verdes Mares entregou ontem, a quatro personalidades o prêmio Sereia de Ouro. Receberam a comenda - outorgada há 20 anos - consecutivamente - os médicos Aluysio Soriano Aderaldo, Francisco Waldo Pessoa de Almeida, escritor Eduardo Campos e o empresário Walder Ary. A festa reuniu mil pessoas nos salões do Ideal Clube. Em seu discurso, a presidente do Grupo Edson Queiroz, Dona Yolanda Queiroz ressaltou o trabalho de cada agraciado para o desenvolvimento do Ceará e disse que o prestigio dado à festa "incentiva-nos a prosseguir, ano a ano, dedicando maior empenho ao brilhantismo da Sereia de Ouro". Eduardo Campos destacou o criador da Sereia de Ouro, empresário Edson Queiroz.


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