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Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Quarta-feira - 10-06-1998
Fortaleza - Ceará - Brasil
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Sesa inaugura Central de Transplantes
 


Novo setor será responsável pela notificação, captação e distribuição de órgãos e tecidos

 
     A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) inaugurou, no final da manhã de ontem, a Central de Transplantes de Órgãos e Tecidos do Ceará, que funcionará em suas próprias dependências, na Praia de Iracema. Segundo a coordenadora geral da Central, Eugênia Filizola, que já dirigiu a Equipe de Captação de Órgãos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), a Central será responsável pela notificação, captação e distribuição de órgãos e tecidos para transplantes no Ceará, desde que o doador tenha manifestado interesse em vida ou que haja, após a morte, autorização da família.Além da coordenadora geral, a Central conta com um coordenador médico, Raimundo Messias de Araújo Filho, oito enfermeiras, 14 acadêmicos de Medicina e 14 profissionais do Alô Saúde. Os telefones 800.1520 e 488.2122 estarão à disposição dos usuários 24 horas por dia.

     A Central também terá a finalidade de receber e notificar morte encefálica, realizar busca de possíveis doadores em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), emergências e salas de recuperação de grandes hospitais, de acordo com a Lei Federal número 9.434, de quatro de fevereiro de 1997. Eugênia explica que, apesar das dificuldades, o potencial doador pode ser mantido adequadamente - em termos de pressão arterial, freqüência cardíaca e respiração - para melhor aproveitamento dos órgãos a serem doados. Ela enfatiza a importância da comunicação imediata da morte encefálica do paciente à Central de Transplantes.

     Eugênia revela que, ainda sem a Central, o Ceará já é o quinto maior Estado transplantador do País. Atualmente, apenas o HGF e o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), em Fortaleza, e o Hospital Santo Inácio, em Juazeiro, fazem transplantes de rins. O médico Henri Campos, que é membro da Equipe de Transplantes do HUWC e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Transplantes, explicou que atualmente entre 1.200 e 1.300 pessoas fazem hemodiálise no Ceará. Destes, 800 a 900 são candidatos potenciais ao transplante e cerca de 500 estão inscritos e prontos para receber a doação.

     Já no caso dos transplantes de córnea, Eugênia calcula que cerca de 500 pacientes estejam na fila de espera, sendo o Instituto dos Cegos e o HUWC os únicos aptos a realizar o transplante. O oftalmologista Valdo Pessoa, diretor do Instituto dos Cegos, acha essa iniciativa muito importante, desde que as pessoas envolvidas estejam realmente interessadas.

     “A Central de Captação é uma estrutura muito moderna. Mas seria muito interessante que estruturas particulares já existentes também fossem usadas, poupando uma enorme despesa ao Estado”, afirma.

     A coordenadora geral da Central de Transplantes, explica que, com a entrada em vigor da Lei de Transplantes, em janeiro deste ano, houve uma queda inicial no número de doações, mas o serviço já voltou ao normal e realizou, de janeiro para cá, 16 transplantes de rins, sendo 14 no HGF e dois no HUWC.

     O chefe do Serviço de Transplante Renal do HGF, Ronaldo Esmeraldo, explicou que atualmente no Brasil são utilizados menos de 20% dos doadores potenciais e a identificação rápida é o principal recurso para aumentar esse percentual.

     “Nós já demos um passo importante com a Lei dos Transplantes. O funcionamento da Central deverá agilizar essa potencialidade para a obtenção de melhores resultados. Não podemos depender da boa vontade. Precisamos de um investimento sério”, afirma.

     Atualmente os transplantes de coração só estão sendo feitos no Hospital Antônio Prudente (HAP) e existe uma previsão de que em breve o Hospital de Messejana (HM) passe a realizar esse tipo de cirurgia.

 


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