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Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Segunda-feira - 07-09-1998
Fortaleza - Ceará - Brasil
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Congresso reúne psicomotricistas de vários países   


     Num momento em que a atuação em psicomotricidade passa por um processo de regulamentação profissional, especialistas na área realizaram em Fortaleza o VII Congresso Brasileiro de Psicomotricidade. Seiscentos congressistas - cerca de cem estrangeiros - debateram o tema "Psicomotricidade de Fato e de Direito, Formação e Ética".

     Cláudia Santos Jardim, presidente da comissão científica do congresso e coordenadora do Curso de Especialização em Psicomotricidade da Universidade de Fortaleza (Unifor), destaca que a realização do evento teve um significado singular por propiciar o debate sobre a psicomotricidade e seu campo de atuação, ao passo que já foi aprovado, em reunião da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), o projeto de lei que visa regulamentar a profissão, que agora encontra-se no Congresso Nacional para posterior votação.

      No Brasil, 300 psicomotricistas já foram titularizados pela SBP, podendo atuar em áreas como educação, saúde e docência. Na área de educação o profissional procura facilitar o processo de desenvolvimento da criança, priorizando um olhar que vá além do movimento mecânico, considerando a história de vida da criança, através da realização de atividades e do uso de materiais variados.

     A psicomotricidade prioriza o movimento, o gesto, a postura, a relação com o outro, trabalhando questões como o esquema corporal, a lateralidade, a orientação de espaço, ritmo e equilíbrio. Na área de atuação clínica, o trabalho do psicomotricista procura resgatar o equilíbrio e a imagem corporal, nas pessoas que sofram inibição e instabilidade psicomotora, debilidades, patologias neurológicas e síndromes.

     Segundo Cláudia, os primeiros estudos brasileiros na área de psicomotricidade foram realizados na década de 50, mas o auge da produção, que marcou a expansão da profissão no país, deu-se nos anos 80, quando foi fundada a SBP e realizado o primeiro congresso da área. A década de 90 está sendo marcada por uma maior estruturação e especificação do campo teórico.

     Transmitido na íntegra para o mundo inteiro, o evento reuniu vários dos mais importantes especialistas do planeta. Entre eles, pode-se destacar o diretor da Escola de Formação em Clínica Psicomotora de Buenos Aires, Esteban Levin; a presidente da Sociedade Internacional de Terapia Psicomotora, Françoise Desobeau; e o psicomotricista italiano Franco Boscaini.

     O psicomotricista Vicente Cristino, professor da Unifor, foi responsável por uma das apresentações que mais chamaram a atenção dos presentes. Ele mostrou como uma criança cega pode se desenvolver caso seja estimulada desde os seis meses.

Esclarecimento:
O Prof. Vicente Cristino é também Professor de Educação Física da Sociedade de Assistência aos Cegos -SAC e apresentou o trabalho A INTERFERÊNCIA PSICOMOTORA NO APRENDIZADO ESCOLAR DA CRIANÇA CEGA desenvolvido na mesma Entidade.


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