Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Quarta-feira - 30-09-1998
Fortaleza - Ceará - Brasil
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Brinquedos a laser podem causar cegueira
No verso da embalagem dos objetos está escrito em inglês para deixar fora do alcance de crianças |
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O manuseio indiscriminado de produtos
dotados com raios laser por adultos e, sobremaneira, por crianças, vem gerando sérias
preocupações entre oftalmologistas cearenses. Os “brinquedos” a laser podem
causar danos irreversíveis aos olhos, mais precisamente, a queima da mácula ocular, zona
de visão de detalhes do olho.
O diretor de saúde da Sociedade de Assistência aos
Cegos (Instituto dos Cegos), oftalmologista Valdo Pessoa
de Almeida, adverte contra o uso indiscriminado destes produtos. “O laser ao
atingir o olho pode queimar a mácula ocular e levar à perda total da visão”,
explica. Conforme Valdo Almeida, o perigo maior é a criança fixar o raio de canetas,
chaveiros e similares a laser no olho, “seu, ou de um coleguinha”. Esta
prática, pode levar à cegueira.
A oftalmologista Joyce Duarte Martinz Gondim, também alerta
para a utilização deste tipo de produto. Ela ressalta que o uso freqüente do laser,
manipulado por adultos e crianças, “pode causar lesões irreversíveis à parte mais
sensível da retina, a mácula”.
O acesso a exemplares a laser é fácil, qualquer loja de
miudezas importadas comercializa o produto. Lojas de artigos fotográficos, livrarias e
principalmente os camelôs, têm vendido uma média de 12 chaveiros a laser por dia. O kit
com chaveiro, 3 baterias modelo LR44 e 5 ponteiras, custa com os ambulantes de R$ 15,00 a
R$ 20,00. Nas lojas o preço oscila entre R$ 19,99 e R$ 23,00, o modelo mais simples. Os
mais sofisticados chegam a custar R$ 30,00.
O vendedor de uma loja de brinquedos importados, Francisco
Amarildo, conta que vende de 15 a 20 unidades por dia. E arrisca um palpite: “Agora
para o Dia da Criança é só o que vai vender”. O produto mais popular é mesmo o
chaveiro com cinco ponteiras e raio com alcance de 680 metros. Cada ponteira traz um
desenho ou mensagem. Cupidos, ‘I love You’, ‘Socorro’ e desenhos
estilo tatoo, fazem a alegria dos lasermaníacos. Também ajudam na paquera, revela o
adolescente Marcio Camilo de Fonseca, 17.
Os objetos a laser são manipulados por todos. No
apagar das luzes das salas de cinema uma quantidade enorme de luzinhas-laser são
disparadas contra cabeças, faces e em direção à tela. Nos playgrounds de prédios,
praças, bosques, restaurantes e passeios é só o que se vê. Virou mania. Mas a arma
preferida para duelos infantis atualmente, pode causar danos nada lúdicos.
O verso das embalagens dos produtos, made in Taiwan, adverte
em inglês: ‘This is not a toy. Keep away from children”. Ou seja, “Isto
não é um brinquedo. Mantenha longe do alcance de crianças”.
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