Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Segunda-feira - 03-05-1999
Fortaleza - Ceará - Brasil
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Lei de Doação de Órgãos
A lei de doação de órgãos criou mais
uma questão ética para os médicos. Cumprir rigorosamente a Lista Única dos Receptores,
gerida pela Secretaria de Saúde do Estado. Eugênia Filizola, coordenadora da central de
transplantes, diz que os critérios para observação da lista são antiguidade,
condições clínicas do cliente e urgências determinadas pelos médicos especialistas.
Qualquer pessoa tem acesso às informações, seja receptor ou mero interessado.
Há um conselho deliberativo com representação de
diversas instâncias sociais, porém seu funcionamento ainda não é pleno, admite a
coordenadora. Dele participam um representante da Associação Brasileira de Transplantes
de Órgãos, um da Secretaria de Saúde, um da Ordem dos Advogados do Brasil ou da
Procuradoria de Justiça e um do Conselho Regional de Medicina. Ainda não foi
escolhido um representante da associação dos pacientes, mas isso será feito em
breve, assegura a coordenadora.
A central tem apenas nove meses de funcionamento, diz
Eugênia Filizola, mas está à disposição das pessoas pelo telefone 800.1520 (ligação
gratuita) e pelo 488.2172. Para entrar na lista única, basta a pessoa inscrever-se em um
centro de transplante. É necessário, no entanto, fazer os exames necessários e
mantê-los atualizados. Esta é a forma básica de o candidato receber o órgão de que
necessita. No Ceará a central está captando córnea, coração e rins.
Se a pessoa é a primeira da lista e atende aos critérios
técnicos, ela é a primeira transplantada. No caso de córneas, não há dificuldade
imunológica. Já para o transplante de rins é necessário o preenchimento sucessivo das
seguintes condições: 1- compatibilidade de grupo sanguíneo; 2- satisfazer a condição
de antígeno de histocompatibilidade; e 3-exame de crosmathc, uma reação
cruzada do sangue do receptor misturado com o sangue do doador, para verificar se há
morte de células. Se a resposta for positiva, está afastada a possibilidade do
transplante.
Para o primeiro da lista receber o transplante, é
necessário que ela passe por estas três etapas. Caso contrario, a equipe médica chama os
segundo, terceiro, quarto... até encontrar aquele receptor que satisfaça as três
condições simultaneamente. Esta é a razão de até o vigésimo vir a receber um
órgão, ficando as demais a esperar nova oportunidade.
ROTINA - Os funcionários da central de transplantes fazem
telefonemas todo dia, três vezes ao dia, para os hospitais que têm UTI. Acontece de o
funcionário que atende nem sabe se há doador potencial, aquela pessoa que a qualquer
momento pode entrar em morte cerebral. Quando avisada, a central avalia se o doador é
bom. Em seguida, aborda a família, para obter a permissão para realizar o exame
suplementar de morte cerebral.
Se houver estrutura, a retirada do órgão é feita no
próprio hospital em geral o hospital não aceita porque os planos de saúde não
pagam os procedimentos. Se não, leva-se o doador para o Hospital das Clínicas ou
Hospital Geral de Fortaleza (rins). Caso se trate de doação de coração, o traslado
será para o Hospital de Messejana ou para o Hospital Antonio Prudente. O transplante de
córnea é feito no Instituto dos Cegos.
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