Jornal O ESTADO
Sexta-feira - 12-10-2012
Fortaleza - Ceará - Brasil
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...e da leitura
O dia 12 de Outubro, também é o Dia Nacional da Leitura. Instituída em 9 de janeiro de 2009, a data tem, como objetivo, incentivar a leitura entre as crianças sem ou com deficiência ocular
Natalício Barroso
Da Redação
A história do livro, assim como da leitura, não tem uma data precisa. Começando a ser escrito em tijolinhos de barro, incialmente e, depois, em papiro, o livro evoluiu a tal ponto que hoje é visto como algo obsoleto ou que, em breve, será substituído pelos tablets. A história da leitura também não é diferente. Como os livros nem sempre eram escritos da esquerda para a direita, mas em várias direções, a leitura também tinha que acompanhar esta forma de escrever. Assim, surgiram livros que eram escritos de cima para baixo ou conforme o andar do boi no arado, indo e vindo sem que houvesse um lado preciso para olhar. Assim, eram muitas as formas como se escrevia no passado e nem sempre as palavras se destacavam umas das outras. Elas se uniam e, para o leitor desvencilhar tudo aquilo, precisava de muita prática e dedicação. |
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A
forma como os leitores costumavam ler neste tempo, portanto, não era bem como
hoje. A leitura de hoje é silenciosa. A do passado era em voz alta. Daí porque
costuma-se dizer que tal autor “falou” isso e aquilo em seu livro e não que
“escreveu” ou que “disse” algo em vez de ter registrado apenas.
Recebendo uma carta
da mãe, Alexandre, o Grande, que costumava se comunicar com ela, cometeu a
suprema indelicadeza de ler a carta em silêncio. Preocupados com isso, seus
homens ficaram alarmados e, como nunca esqueceram este detalhe na vida do
conquistador, passaram a falar do caso que, em seguida, foi relatado por seus
biógrafos. Santo Agostinho conta, nas Confissões, que Santo Ambrósio, quando
lia, não mexia com nenhum músculo da face. O envolvimento dele com o que estava
lendo era tão grande que era como se as palavras não tivessem som. Mas apenas
imagem.
A leitura de hoje,
naturalmente, é muito mais fácil do que aquela que se fazia no passado. Com o
surgimento dos sinais que fazem com que as palavras se separem e, com elas, as
frases e orações, tudo está mais simplificado. Muitas, porém, são as formas de
se ler. Aqueles que leem em Braille, por exemplo, sabem disso.
Inventado por Louis
Braille em 1824, o Braille mudou a vida de muita gente e instituições. Dentre
elas a da Sociedade de Assistência aos Cegos – SAC – do Ceará que foi a
primeira, no estado cearense, a introduzir o Braille e a fundar a Academia de
Artes e Letras formada, toda ela, por cegos. Curumim e Livro Falado é o último
projeto do SAC que tem, mais uma vez, o objetivo de atender aqueles que sofrem
de deficiência visual.
Realizado todas as
quintas-feiras, das 13h às 17h, no Centro de Gravação do Livro Falado, o projeto
trabalha com voluntários e dispõe, no momento, de 54 crianças que, como aqueles
que são beneficiados pelo Curumim, têm entre 6 e 12 anos de idade. “Imagine crianças
cegas lendo ou simplesmente ouvindo a contação de histórias narradas por outras
crianças”, informa o SAC. No Instituto Hélio Goes, continua o Instituto, isso é
possível por causa do projeto Curumim que facilita o acesso à biblioteca em
Braille e dá oportunidade para que crianças voluntárias, com visão normal,
gravem obras destinadas às crianças da mesma idade.
No projeto Curumim,
afirma a professora Andreia Barros, supervisora do projeto, há uma surpreendente
inversão de papéis. Nele, as crianças cegas que, normalmente, estão
condicionadas a aprender, são as que direcionam as oficinas proporcionando a
aprendizagem através de jogos e da aplicação do Braille para as crianças que não
sofrem de deficiência ocular.
Para quem quiser ser
voluntário, informa o SAC, é necessário ter de 6 a 12 anos. As inscrições são
feitas no Departamento de Serviço Social da Sociedade de Assistência aos Cegos
que fica na Avenida Bezerra de Menezes, 892, São Gerardo.
Mais informações pelo telefone: (85) 3261.0811.
Nota de esclarecimento:
O novo telefone da SAC é: (85) 3206-6800.
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