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Revista Histórias da Saúde
Ano IX - N° 14
Janeiro à Março de 2008
Fortaleza - Ceará - Brasil
XVIII Congresso Cearense de Oftalmologia,
de 22 a 24 de Novembro de 2007
Homenagem ao Dr. Waldo Pessoa


Foto do da Revista Histórias da Saúde

No XVIII Congresso Cearense de Oftalmologia o cerimonial de abertura, foi coberto de emoções em face do tema escolhido pela Sociedade Cearense de Oftalmologia, ter recaído sobre a vida profissional do saudoso oftalmologista Francisco Waldo Pessoa de Almeida, brutalmente excluído do nosso convívio, vítima de assassinato.
Foram exibidos flagrantes de sua memorável vida profissional, cuja trajetória foi marca da pela luta em prol dos deficientes visuais e pela sua extrema dedicação as obras de caráter social. Doutor Waldo, como carinhosamente era tratado, nasceu em 10 de agosto de 1937 na cidade de Quixadá. Formou-se em Medicina pela UFC - Universidade Federal Cearense em dezembro de 1964. Foram 42 anos de exercício da medicina.
Desde 1961 ainda acadêmico, já colaborava com Dr. Hélio Góes na Sociedade de Assistência aos Cegos. Dedicou-se portanto, integralmente por mais de 4S anos a essa grandiosa obra, deixando naquela casa seus sonhos, seu suor e muitas vezes suas lágrimas. Só a violência que o levou a morte interrompeu essa memoráveis jornadas.

A Sociedade de Assistência aos Cegos que reverencia sempre o seu destemido e dedicado fundador Dr. Hélio Góes, é um exemplo de filantropia, praticada sem o uso de recursos públicos. Tem hoje na presidência a senhora Josélia Almeida dedica da esposa do saudoso doutor Waldo, a quem assessorava em todos os procedimentos administrativos.
Como conhecedora profunda de toda sistemática administrativa da Sociedade, ninguém melhor do que a mesma, para dar seqüência a imensidão de obras e projetos em andamento arquitetados pelo seu sempre saudoso doutor Waldo.
Durante a homenagem póstuma feita ao doutor Waldo na abertura do XVIII Congresso de Cearense de Oftalmologia, destacamos a participação de Dra. Josélia, que mesmo com os sentimentos a flor da pele, onde no seu olhar tínhamos o espelho de uma tristeza interna, teve força suficiente para em brilhante oratória oferecer aos presentes um panegírico da vida do seu inesquecível Waldo. Uma oratória firme, com ameaças de ser traída pela emoção, fez com que a platéia a presenteasse com uma calorosa salva de palmas no encerrar do seu discurso.
Doutor Waldo é um dos pioneiros no transplante de córnea no Ceará, sendo o fundador do Banco de Olhos que coroou a sua luta incessante pela doação de órgãos.
O Governo do Estado do Ceará reconhecendo o valor desse trabalho em prol da oftalmologia em nosso Estado sancionou a lei de autoria do Exmo. Sr. Deputado Nelson Martins abaixo descrita e publicado do Diário Oficial de 14 de Novembro de 2007, abaixo descrita:

LEI Nº13.985, de 26 de outubro de 2007.
(Autoria: Deputado Nelson Martins)
  DENOMINA DOUTOR FRANCISCO WALDO PESSOA DE ALMEIDA A CENTRAL DE TRANSPLANTE DO  ESTADO DO CEARÁ.
O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ. Faço saber que a
Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:
      Art.1º Fica denominada Doutor Francisco Waldo Pessoa de Almeida a Central de Transplante do Estado do Ceará.
      Art.2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
      Art.3º Revogam-se as disposições em contrário.
PALÁCIO IRACEMA, DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, 26 de outubro de 2007.

Cid Ferreira Gomes
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ

DISCURSO DA DONA MARIA JOSÉLIA SÁ E ALMEIDA
É com um sincero sentimento de gratidão, que recebo esta homenagem em memória do meu marido Waldo Pessoa. Porém, não posso esconder meu profundo sentimento de saudade e frustração: primeiro, por não tê-lo fisicamente aqui, para que fossem suas próprias mãos a receberem os méritos que lhes são conferidos; segundo porque esta homenagem póstuma, não se deve a uma morte natural e sim, imposta por uma violência que desfila impunemente ceifando a vida de muitos Franciscos, Joãos, Marias e Joses que como o Waldo faziam do seu existir, um instrumento do bem. Digo impunemente, porque não é penitenciária que traz de volta a vida daqueles que brutalmente são assassinados e vilipendiados em seus maiores patrimônios.
Na verdade a maldade parece não ter limites, mas é nosso dever inquirir suas causas e denunciá-las com coragem. O Estado precisa urgentemente evitar a condenação dos seus excluídos filhos que vivem perambulando sem rumo pelas esquinas da vida. Com certeza uma das soluções seria dar ESCOLA em vez de ESMOLA.
Sei perfeitamente que estamos na abertura de um Congresso de Oftalmologia e não de Segurança Pública, mas não há como silenciar a violência que culminou com a morte do Waldo e a dor que atingiu tão profundamente a minha família e a sociedade. Foi na grande obra criada pelo saudoso Dr. Hélio Góes Ferreira, a Sociedade de Assistência aos Cegos, que o Waldo deixou toda sua vontade transformadora e muitas vezes as suas lágrimas. Agora com a sua ausência coube a mim manter a força viva do seu idealismo que é a fonte das nossas motivações e continuar essa luta, que só tem sido possível graças ao competente e abnegado trabalho dos oftalmologistas que formam o corpo clínico e cirúrgico dessa instituição aos quais agradeço emocionada. Agradeço ao presidente desse XVIII CONGRESSO CEARENSE DE OFTALMOLOGIA, Dr. Dr. Sérgio Augusto Carvalho Pereira, bem como a minha querida amiga Dra. Marineuza Rocha Memória. E de forma muito especial a equipe médica do hospital e da clínica da Sociedade de Assistência aos Cegos os quais gostaria de nominá-los:
Adriano de Almeida Chaves, Álvaro Fernandes Ferreira, Antonio Mont'Alvene Lopes, Antonio Souza de Paula Pessoa, Cicero Narcisio Moreira Leite, Cleanto Jales de Carvalho Filho, Clovis Colares de Castro, Felipe do Carmo Carvalho, Fernando Augusto Delgado Sampaio, Fernando Queiroz Monte, Francisco Adriano de Almeida, Francisco Euripedes Gomes de Lima, Heverson Paranagua da Paz, José Bezerra de Arruda Filho, José Edson Rangel Neto, Juliana Cristina Leite Botelho, Lúcia de Fátima Cavalcante Tavares, Luciana Monteiro Tavares, Maria do Socorro Carvalho Bezerra, Timotheo Machado Ferreira Lima e Walter Fontenele.
As residentes: Aline Coelho Alcantara, Juliana de Lucena Martins Ferreira e Marjorie Sabino Facanha Barreto.

Por fim, meus agradecimentos aos congressistas, e a todos os amigos e amigas pelo carinho desse momento.

Maria Josélia Sá e Almeida

Capa da Revista Histórias da Saúde


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