Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO
Quarta-feira - 10-02-2010
São Paulo - SP - Brasil
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Em Fortaleza, deficientes visuais têm grupo especial
Fortaleza tem um maracatu composto apenas por pessoas cegas ou com pouca visão
Fortaleza tem um maracatu composto apenas por pessoas cegas ou com pouca visão. É o Maracatu Luzes da Alma, criado em 2006 pela Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC). Na quinta-feira, às 18 horas, o grupo vai desfilar no principal cartão-postal de Fortaleza, a Avenida Beira-Mar.
O nome foi sugestão do professor Paulo Roberto Cândido, que também é o compositor das músicas entoadas nas apresentações. Ao contrário do maracatu do Recife, o de Fortaleza tem um ritmo lento. É quase um choro, um lamento. A dança é dramática e cadenciada por um ritmo dolente, uma batida de chocalhos, surdos e triângulos.
O cortejo segue em alas representando índios, baianas, balaeiros (simbolizando a fertilidade da terra), calungas, pretas e pretos velhos, baliza, negro do incenso, porta estandarte, a rainha negra e sua corte.
O primeiro enredo do maracatu dos cegos tinha um refrão cheio de otimismo que dizia: "Maracatu Luzes da Alma/Iluminando a libertação/Deixando firme a nossa palma/Tornando livre o coração".
"O Maracatu Luzes da Alma é o primeiro a reunir pessoas com deficiência visual em torno de uma manifestação artística e cultural, mostrando que temos garra e não invalidez", diz Paulo Roberto Cândido.
Neste ano, o enredo mantém o tom otimista: "No Ceará, a nossa vez / de desfilar sem o preconceito/temos garra, não invalidez/coração bate no peito".
O desfile dos maracatus é a principal atração do carnaval de rua da capital cearense. Os grupos mais tradicionais se apresentam no domingo de carnaval. De acordo com Paulo Roberto Cândido, o Luzes da Alma ainda não atingiu o profissionalismo necessário para a competição. Mas pretende chegar lá.
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