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Jornal O POVO
Terça-feira - 03-01-2006
Fortaleza - Ceará - Brasil
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SOU DO POVO
Ensaio sobre a força de vontade

      Pela manhã ele é operador de telemarketing. No período da tarde é estagiário na redação do portal Noolhar e à noite cursa o oitavo período de jornalismo na Fanor. Esse é o dia a dia corrido de José Roberto Santiago, 29, deficiente visual e funcionário do O POVO desde 23 de setembro de 1997, quando foi contratado por Demócrito Filho, na época, gerente do Departamento de Assinaturas da empresa.

      "Fui encaminhado pelo Instituto de Cegos Hélio Góes, onde fiz o curso de telemarketing, e logo no meu primeiro dia consegui vender uma assinatura anual do jornal. Fiquei muito feliz e a partir de então não parei mais", conta.

Foto do Jornal O POVO

      Casado com Laura de Abreu, também deficiente visual, e pai de Gabriel, 5, que enxerga tudo e adora brincar com as bengalas que encontra, Roberto agradece a criação recebida de seus pais. "Tenho 10 irmãos, um deles também é deficiente visual, mas sempre tivemos apoio psicológico e fomos tratados com muita naturalidade", afirma.

      Em relação ao seu trabalho, Roberto vende assinaturas do O POVO e gosta do contato com o público. "Não há monotonia. Sempre temos situações novas para lidar'', garante, lembrando que o ambiente de trabalho é excelente. "Tenho orgulho de trabalhar em uma empresa com tanta credibilidade. Além disso, todos me tratam muito bem, sem super proteção".

      Faltando apenas seis meses para concluir o curso de jornalismo, Roberto mostra satisfação pela profissão escolhida. "É minha grande paixão. Entendo que a função social do jornalista é muito importante para a sociedade. Tenho muita vontade de trabalhar em redação. Sei das dificuldades, mas também sei que é possível", explica.

      Roberto reluta quando ouve de alguém que seus feitos são admiráveis. "Eu apenas cumpro meu papel. Não acho que faço coisas fora do normal. Não é porque sou deficiente que devo ficar parado, esperando as coisas acontecerem. É certo que o mundo é feito para quem enxerga, mas quem é deficiente tem que ter iniciativa, cobrar melhores condições do governo e da sociedade", ensina, com a tranqüilidade e a certeza de quem é um exemplo de vida e enxerga com os olhos da sensibilidade.

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