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Sexta
-feira - 15-12-2006

Fortaleza - Ceará - Brasil
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TRAJETÓRIA NOBRE
Amigos e autoridades lamentam perda


     O assassinato de Waldo Pessoa, presidente da Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), chocou as autoridades locais e amigos que conviveram com o médico, que dedicou parte de sua vida à luta pela inclusão social de deficientes visuais e doação de órgãos

Foto do Jornal O POVO
FAMILIARES ficaram
do lado de fora do IJF,
para onde o médico foi levado

     Nascido em Quixadá, no dia 10 de agosto de 1937, Waldo Pessoa concluiu medicina na Universidade Federal do Ceará (UFC), em dezembro de 1964, especializando-se em oftalmologia. Em 42 anos de profissão, sendo 30 dedicados à Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), popularmente conhecido como Instituto dos Cegos, Waldo teve sua trajetória profissional marcada pela luta em prol dos deficientes visuais e de pessoas carentes. Amigos do médico ainda não acreditavam na tragédia que transcorreu ontem à tarde.

     "Estou chocado, transtornado com o que aconteceu. Ele é um médico fabuloso, que abriu as portas para defender as causas dos deficientes e da população carente em geral. É lamentável que uma pessoa que tanto defendeu a vida, saia da vida pela violência. É algo contraditório", desabafa o jornalista e radialista Nonato Albuquerque, amigo de Waldo Pessoa. Ainda muito abalado, Nonato relata que, na semana passada, segundo a família do médico, ele chegou a brincar, afirmando que, quando morresse, queria uma banda de música tocando no Instituto dos Cegos para animar seu velório.

     Nonato relembra que, durante os anos de 2002, 2003 e 2004, Waldo participava de seu programa, Rádio Serviço, na rádio O POVO/CBN. Todos os sábados, ele se deslocava com uma equipe do programa a uma comunidade, prestando atendimento oftalmológico e distribuindo armações de óculos. "Em casos mais difíceis, ele levava para atender em sua clínica ou no Instituto, sempre de graça", afirma.

     Para o secretário de Saúde do Estado, Jurandir Frutuoso, Waldo será sempre lembrado não só pela "grandeza do trabalho" que desenvolveu à frente do SAC, mas também pelo caráter e integridade. "É uma perda irreparável, uma lacuna impreenchível", disse. A coordenadora da Central de Transplantes do Estado, Eliana Barbosa, conta que Waldo foi o pioneiro no transplante de córnea do Ceará, estando à frente na luta pela doação de órgãos, em especial, a de córneas. "Ele era o médico com mais pacientes para fazer transplantes, sempre lutou pela doação em geral de órgãos. É uma perda muito grande para o Estado".

     Para o secretário de saúde do município, Odorico Monteiro, "a sociedade cearense está mais pobre na falta de um dos seus ilustres expoentes". "Lamentamos profundamente que ele tenha sido colhido pela grande epidemia de violência que assola a nossa sociedade". O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Hélio Leitão, reforça as palavras de Odorico. "Ele era um filantropo, um homem dedicado às causas sociais. Até quando as autoridades de segurança pública ficarão surdas ao clamor da nossa gente por mais segurança e mais paz?", desabafa. O velório de Waldo Pessoa está sendo realizado na funerária Ternura, na rua Padre Valdevino, esquina com Tibúrcio Cavalcante. Até o fechamento desta edição, a família ainda não havia informado o local do enterro.

CAPA DO JORNAL O POVO DE 15/12/2006

CAPA DO JORNAL O POVO DE 15/12/2006


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