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Jornal O POVO
Sábado - 30-12-2006

Fortaleza - Ceará - Brasil
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OPINIÃO
Feliz Ano-Novo, Dr. Waldo


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ARTIGO

Sérgia Miranda

     Dr. Waldo Pessoa morreu como viveu: lutando contra a violência, a prepotência e a arrogância. Quem o conheceu sabe que ele jamais deixaria de revidar a humilhação imposta pelo mais forte contra o mais fraco

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     Este foi o primeiro de muitos natais sem a presença do homem que viveu para oferecer a luz aos que viviam nas trevas, na carência das cores, na distância do azul do céu e do verde dos mares. Foi-se aquele que devotou toda a sua vida ao excluído, que desprendeu toda a sua força física e intelectual ao trabalho incansável de atender crianças, jovens e velhos em busca da saúde dos olhos. O vermelho das vestes do Papai Noel ficou desbotado com a sua ausência, as luzes das árvores natalinas perderam o brilho e a vontade de comemorar o nascimento do Filho de Deus transformou-se em um encontro de lamentações. Mas, quem o conhecia sabe que ele não era afeito a tristezas, e não gostaria que a sua ausência se transformasse em dor.

     Dr. Waldo Pessoa morreu como viveu: lutando contra a violência, a prepotência e a arrogância. Quem o conheceu sabe que ele jamais deixaria de revidar a humilhação imposta pelo mais forte contra o mais fraco, mesmo que o mais forte fosse bandido armado impondo aos seus pacientes e funcionários toda sorte de vexames que só ele sabe. Compreender o seu ato de defesa é adentrar na sua personalidade inquieta, sensível, digna, corajosa e generosa com os menos aquinhoados e, naquele momento, os pacientes e funcionários eram essas pessoas. Este é o Dr. Waldo que eu conheci, admirei e amei como teria amado meu pai se o tivesse conhecido vivo. Que saudades!

     Quis o Senhor levar para perto de si o ‘homem da luz’ para iluminar um Novo Ano que se aproxima na esperança de que os novos governos, em especial o do Ceará, possam receber as bênçãos divinas e oferecer soluções aos sérios problemas de violência que invadem nossos lares a arrebatam nossos entes queridos.

     Dr. Waldo lutou bravamente pela vida em várias ocasiões em que necessitou se submeter a intervenções cirúrgicas graves, mas morreu com uma bala assassina. Em todos os momentos difíceis pelo qual passou estava ele acompanhado por Josélia, sua cara metade inseparável, por seus filhos e amigos, mas agonizou na calçada da clínica, tendo o céu como cobertor e a Avenida Bezerra de Menezes como testemunha. É possível que Deus nos tenha mostrado que um grande homem é grande em todas as ocasiões, como o foram Gandhi, Ayrton Senna, John Kennedy, Chico Mendes e tantos outros. Por essas horas a orquestra de anjos que acolhe os justos já ecoou os acordes de boas vindas, restam a nós, seus amigos, aos filhos e a Josélia o conforto de saber que tivemos a honra de ter o Waldo Pessoa nas nossas vidas.

     Feliz Ano Novo, Dr. Waldo! Até qualquer dia.

     SÉRGIA MIRANDA é juíza de Direito. Conselheira da Sociedade de Assistência aos Cegos


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