Jornal O POVO
Terça-feira - 15-01-2013
Fortaleza - Ceará - Brasil
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APRENDIZAGEM
E por falar em leitura...
A meta para erradicar o analfabetismo no Brasil já foi artigo da Constituição Federal de 1988 e esteve no primeiro Plano Nacional de Educação. Quantas leis ainda serão necessárias para que todos possam entender que o acesso ao texto escrito não é um ato revolucionário, mas um direito?
Homens e mulheres precisam ter acesso à educação e precisam tê-la com qualidade. Não basta ser decodificador de palavras, um colecionador de significados. É preciso saber o que fazer com elas, saber reagir a elas. Mas o analfabetismo nosso de cada dia nos faz nos contentarmos com muito pouco...
O número de analfabetos no Brasil, segundo o Ibope Inteligência (201)1, é de 9%, quase o mesmo percentual de pessoas com ensino superior: 10%. Em 2009, chegamos a ter 20% de analfabetismo funcional (Pnad). Isso significa que mais de 35 milhões de brasileiros com mais de dez anos ou nunca frequentaram a escola ou a abandonaram em menos de quatro anos.
Desejo, a nós todos, uma galáxia inteira de pensamentos escritos; que as boas ideias resultem em boas ações, novos pensamentos que nos mudem, que nos movam. Que as palavras rompam o tempo. Assumamos o agora como responsabilidade nossa, como nunca ousamos desejar aquilo que já é direito nosso!
Há tempos confundiram os nossos corações dizendo que apenas os que sabem a gramática de sua língua são os que podem se expressar com sabedoria. Que Patativa do Assaré aqui desminta esses doutos senhores. A gramática é apenas um instrumento, entre tantos, para a tessitura de um texto, mas não é a condição sine qua non para a sua existência. E eu desejo ainda que - cientes disso - possamos todos registrar as nossas histórias, seja lá de onde falamos.
Que não seja tirada de nós a vontade de saber e de partilhar. Que possamos criar estratégias para tornar conhecidos os mundos que nós já conhecemos, ou porque tivemos o dinheiro para comprar os livros que lemos, ou porque o direito de ler chegou a nós mais cedo.
Em um pequeno grupo partilhamos algumas obras com pessoas cegas e com baixa visão. E a partilha foi uma aprendizagem, porque mudamos nossa forma de ver a relação do leitor-cego no que diz respeito ao direito à leitura. Textos escritos foram passados para o Braille, depois lidos por jovens do
Instituto Hélio Góes, para, enfim, serem editados por monitores do Projeto Audiolivro FA7, com colaboração de músicos como Daniel Sombra e dos Comparsas da Vivenda.
Mas isso só é um exemplo... As praças, as calçadas, as memórias e os corações andam meio vazios de partilhas, qualquer leve movimento pode fazer toda a diferença para mudar a nossa história.
Ps.: Se você leu esse texto até aqui, doe pelo menos um livro hoje.
Ana Paula Rabelo
Coordenadora do Projeto Audiolivro Faculdade 7 de Setembro
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