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Terça-feira - 19-09-2017
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Instituto dos Cegos faz 75 anos em meio a dificuldades financeiras


A Sociedade de Assistência aos Cegos, mais conhecida como Instituto dos Cegos, completa 75 anos com problemas financeiros. Instituição foi pioneira no atendimento de pessoas com deficiência visual no Estado

“Quando perdi a visão fiquei em casa, pensando que o mundo havia acabado e que não poderia fazer mais nada. Até que conheci o Instituto dos Cegos”, lembra Samuel Chaves, que perdeu a visão há sete anos e tem na entidade um importante instrumento para a reabilitação. Hoje, ele aprende a ler e escrever pelo sistema Braille e tem aulas de artesanato, dança e música. É um dos 250 alunos atendidos pela Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), que completa hoje 75 anos de fundação, em meio a problemas financeiros por falta de repasse da Prefeitura de Fortaleza.

Apenas Segundo Cássia Aquino, gestora de saúde da SAC, até o último mês de março eram feitos cerca de 1.500 atendimentos por mês. O convênio da instituição com a Prefeitura foi encerrado e até agora não foi renovado. “A falta do dinheiro tem um impacto imenso na manutenção da SAC, que há vários anos presta serviço às pessoas com deficiência”, declarou.

Foto do Jornal O POVO
A instituição realiza atendimentos hospitalares, conta
com escola e oferece aulas de artesanato, dança e
música a 250 alunos

Em A Secretaria da Saúde de Fortaleza (SMS) informou que dois convênios estão em vigor com a SAC para realização de cirurgias de catarata e transplante de córnea, sendo repassados cerca de R$ 1,3 milhão por ano. Além disso, informou que atualmente a instituição participa de processo licitatório para a contratação de mais serviços. Não foi informado, porém, quando o procedimento será concluído.

Serviços

A entidade, conhecida como Instituto dos Cegos e pioneira no atendimento de pessoas com deficiência visual no Ceará, foi criada em 1942 pelo oftalmologista Hélio Góes Ferreira. Hoje, oferece serviços hospitalares à população em geral e conta com escola para crianças cegas ou para pessoas que tenham adquirido a deficiência ao longo da vida. Além da grade curricular comum a qualquer escola, os alunos da SAC têm acesso a uma biblioteca com acervo formado por livros em Braille e áudio, a aulas de música, dança e podem participar da Academia de Letras e Artes (AlaSac) da instituição.

A academia, dirigida pelo coordenador de projetos da instituição e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Condefor), Paulo Roberto, tem o objetivo de promover a arte entre pessoas cegas.

Para Paulo, que perdeu a visão há 20 anos, a SAC trouxe novas perspectivas. “Quando fiquei cego, precisava descobrir uma forma de continuar usando o computador. Aqui conheci o Dosvox, que foi um divisor de águas em minha vida”, diz.

O Dosvox é um programa de computador que funciona por síntese de voz. Foi criado no início dos anos 1990 pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Antônio Borges.

Para Samuel Chaves, a SAC também foi importante para conhecer histórias de outras pessoas que são assistidas pela instituição. “Encontrei pessoas com problemas mais graves que o meu, com vontade de vencer. Isso me deu um novo ânimo”. Hoje, ele faz planos para o futuro. “Percebi que posso fazer várias coisas. Hoje tenho aulas no projeto Academia Enem e quero cursar RH ou jornalismo”, projeta.

Serviço

É possível ajudar a Sociedade de Assistência aos Cegos por meio de depósito bancário

Banco do Brasil

Agência: 1702-7

Conta: 119980-3

Carlos Viana: Sociedade de Assistência aos Cegos: 75 anos de inclusão

Em 1942, enquanto o mundo vivia os horrores da Segunda Guerra Mundial, Fortaleza, na pessoa do oftalmologista Hélio Góes Ferreira dava um grande passo para a inclusão do cego, criando a Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), conhecida entre os cearenses como Instituto dos Cegos.

A instituição, que foi pioneira no Estado no atendimento de pessoas que nasceram cegas ou adquiriram a deficiência ao longo da vida, tem sido muito importante para a educação desses indivíduos.

Quando nasci cego, minha mãe pensava que eu não poderia estudar. Um dia, por um desses acasos que só o destino pode explicar, ela encontrou uma mulher dentro do ônibus que falou da existência da SAC.

Ela encontrou o doutor Waldo Pessoa, responsável pela instituição na época, que lhe mostrou como era o processo de educação dos cegos. Minha mãe ficou impressionada ao ver tantos cegos brincando, se divertindo, como se não tivessem deficiência. No dia posterior à visita, comecei a estudar no Instituto dos Cegos. Fui alfabetizado no sistema Braille e pude, pela primeira vez, ler “O pato”, de Vinícius de Moraes.

Foi lá que fiz meus primeiros amigos, amizades essas que mantenho até hoje. Foi no Instituto que comecei a utilizar o computador, a ter aulas de orientação e mobilidade, o que me deu completa independência para andar nas ruas.

Foi lá também que nasceu meu amor pelo jornalismo, por meio da “Voz da Amizade”, serviço de som que animava nossos intervalos. Ao longo desses 75 anos, a SAC tem sido responsável pela habilitação de inúmeras pessoas, capacitando-as para o mercado de trabalho e para a vida.

Neste aniversário, comemorado hoje, além de felicitar a todos que compõem a instituição, convoco aqueles que ainda não conhecem o trabalho lá desenvolvido para que o façam e ajudem a manter essa luz de esperança na vida de quem não pode enxergar.

Carlos Viana


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