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Jornal O POVO
Segunda-feira - 18-05-1998

Fortaleza - Ceará - Brasil
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Computadores: novos horizontes para
pessoas especiais


As pessoas com necessidades especiais podem fazer do computador uma ferramenta de interação com o mundo. Escolas para crianças especiais e entidades de assistência aos deficientes físicos e mentais apostam no uso da Informática como instrumento de apoio.

Netinho é autista. Renata é portadora da Síndrome de Down. Ferreirinha ficou cego depois de uma atrofia no nervo ótico. Adolfo enfrenta há 11 anos uma Paralisia Espástica Tropical.

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Todas estas pessoas têm uma característica em comum, além do fato de serem portadoras de necessidades especiais. Elas usam o computador para desenvolver atividades que lhes agradam - sejam lúdicas, pedagógicas, terapêuticas ou profissionais.

O uso do computador pode estimular a interação dos portadores de deficiências com outras pessoas. "O objetivo inicial não é promover a ressocialização. Mas a atividade tem certamente um fundo socializante", explica a psicóloga Luciana Beco. Ela é professora de Informática para adultos e adolescentes com necessidades especiais da Escola de Letras e Ofícios.

As entidades de assistência às pessoas com deficiências físicas e mentais já atentaram para as aplicações da Informática como instrumento de apoio. A
Sociedade de Assistência ao Cego (SAC), a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a Casa da Esperança e o ProDown são apenas algumas das instituições que apostam no uso da computação.

"Eu acho que isso é muito positivo. Tanto pelo fator de capacitação profissional quanto para a auto-estima do deficiente, que passa a se sentir produtivo", avalia Aldir Costa. Ele preside o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência.

A presença de profissionais com necessidades especiais no mercado de trabalho começa a driblar o preconceito. Pelo menos sete deficientes visuais capacitados pela Sociedade de Assistência ao Cego desenvolvem atividades ligadas à computação: dois trabalham na Embratel, outra dupla na Teleceará, mais dois na própria SAC e um no Cambeba - sede do governo estadual.

A
Sociedade de Assistência ao Cego mantém cinco turmas de deficientes visuais para a capacitação em Informática. Eles aprendem a utilizar o computador com o auxílio do DOSVOX - um software complementar ao sistema operacional DOS que, associado a um sintetizador de voz, faz o computador "falar".

Além do DOSVOX, outras ferramentas facilitam o contato entre os deficientes e o computador. Simuladores de teclado, sintetizadores de voz, teclados adaptados a portadores de paralisia cerebral e até impressoras em Braille - a linguagem dos cegos - são produtos disponíveis no mercado.

As escolas que atendem a crianças especiais também investem nos laboratórios de Informática. Na Casa Tia Léa, por exemplo, os alunos utilizam programas que exploram a coordenação motora e a percepção sensorial. "A reação das crianças especiais é mais ou menos a mesma que a de crianças tidas como normais", explica a psicóloga Flávia Peres, professora de Informática da escola. Além dos 310 alunos considerados ``normais'', a Casa Tia Léa atende a 8 crianças especiais.

No Ceará existem pelo menos 71 mil deficientes físicos e mentais. Em todo o País são mais de 1 milhão e 580 mil deficientes, segundo o último censo demográfico realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 1991.


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