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Jornal O POVO
Segunda-feira - 18-05-1998

Fortaleza - Ceará - Brasil
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Micros e pessoas deficientes: lazer, interação e capacitação


As aplicações em Informática ampliam as perspectivas de desenvolvimento de pessoas com necessidades especiais. Seja para trabalhar, interagir ou mesmo para se divertir, os portadores de deficiências encontram na computação uma forma de enriquecer a vida.

O uso do computador amplia os horizontes de pessoas com necessidades especiais. Segundo a psicóloga Luciana Beco, a Informática traz uma série de recursos que podem promover a interação dos portadores de deficiências com o mundo. "Os deficientes mentais passam por uma peregrinação de tratamentos durante toda a vida. Chega um momento em que esse processo estaciona, e o computador surge como uma ampliação de horizontes. Fazer coisas como essa é enriquecer a vida", afirma a psicóloga.

As aplicações em Informática por pessoas com necessidades especiais podem seguir quatro rumos: pedagógico, lúdico, terapêutico e profissional. Segundo Luciana Beco, o tipo de aplicação depende de cada portador de deficiência. "Seja qual for a atividade que a pessoa vai desempenhar, o importante é que ela faça bem feito", diz.

Para a psicóloga, as experiências com Informática contribuem para o desenvolvimento da auto-estima do deficiente. "O objetivo é capacitar a pessoa para usar o micro de uma forma independente. O mais importante é estabelecer a auto-imagem positiva de estar usando o computador", afirma.

Para a psicóloga Flávia Peres, o uso da Informática estimula a atenção de alunos especiais. "Existem crianças que não conseguem interagir na sala de aula, mas no laboratório de computação elas esboçam várias respostas", comenta.

Na Casa Tia Léa - onde Flávia Peres é professora de Informática - os alunos especiais estudam juntos com crianças tidas como normais. "A gente trabalha com duas crianças por micro, e isso não é à toa. Esse modelo é mais rico e estabelece uma troca. Há a percepção da diferença, mas não existe o preconceito", diz.

Em alguns casos, o uso da Informática por pessoas especiais resulta em avanços significativos. "Quando o Netinho chegou na Casa da Esperança, ele não era muito ativo. Depois da oficina de computação, surgiu um interesse maior de conversar com as pessoas - melhorou bastante a socialização". O relato é de Alexandre Mapurunga, professor de Informática da Casa da Esperança. Netinho é autista e gosta de participar de bate-papos na Internet.

Segundo Mapurunga, não é correto creditar os resultados positivos exclusivamente ao uso da Informática. "Não ligo esse progresso especificamente ao computador. Mas quando o aluno é chamado a escrever uma redação e expor sua opinião, o micro acaba intermediando esse processo", explica.

As pessoas com necessidades especiais geralmente usam softwares convencionais quando lidam com o computador, seja para trabalhar ou se divertir. "Nós indicamos programas que podem ser encontrados em qualquer micro - como o Word e o Paint. Se eu boto uma coisa diferente, quando a pessoa sair daqui não vai saber fazer mais nada", afirma a psicóloga Luciana Beco. Ela é professora de Informática para adolescentes e adultos especiais da Escola de Artes e Ofícios.  

Capacitação para o trabalho

Os portadores de deficiências físicas ou mentais leves têm condição de trabalhar com computação. Segundo a terapeuta ocupacional Izabel Azevedo, a capacitação profissional em Informática é viável e indicada para pessoas com necessidades especiais. "A tecnologia chegou a um ponto que a pessoa tem que saber computação para estar no mercado. Fazer trabalhos artesanais não dá mais. É importante estar dentro da realidade do momento", diz.

Izabel Azevedo é diretora da Escola de Artes e Ofícios - centro que promove cursos de profissionalização em Informática para adolescentes e adultos especiais. "A pessoa aprende a digitar no editor de textos Word, imprimir, usar o editor de tabelas Excel e os utilitários de etiqueta e mala-direta", explica.

Para Aldir Costa, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, a contratação de profissionais portadores de deficiências pode ser interessante também para as empresas. "Para quem precisa de digitadores, vale à pena contratar pessoas com necessidades especiais. Elas são mais produtivas dos que as tidas como normais, porque não podem estar se levantando o tempo inteiro para sair do local de trabalho", argumenta.

Segundo a psicóloga e professora de Informática Luciana Beco, o medo do preconceito não deve ser usado como motivo para inibir a presença de profissionais especiais no mercado de trabalho. "O preconceito com certeza existe. Mas as pessoas começam a aprender a lidar com o mundo. Elas têm capacidade para lidar com isso, e a proteção excessiva inibe muito este estar no mundo", avalia. 

DOSVOX é alternativa para cegos

A Sociedade de Assistência ao Cego (SAC) promove cursos de capacitação em Informática baseados no método DOSVox. O sistema permite que deficientes visuais utilizem o computador para a digitação de textos, por exemplo.

Pelo menos 35 pessoas participam das turmas de DOSVox orientadas pela SAC. "Esse é um dos cursos mais procurados", informa Cláudia Pinheiro, assistente social da instituição.

Paulo Roberto Cândido, deficiente visual e professor da oficina de DOSVOX, avalia que os alunos se sentem motivados ao executar tarefas no computador. "Para eles é importante fazer isso sem o auxílio de outras pessoas", afirma.

O DOSVox é um software complementar ao sistema operacional DOS. Um sintetizador de voz acoplado à porta serial da impressora auxilia o deficiente visual a manejar o micro.

O sistema foi desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele suporta aplicações como editor e leitor de textos em Português, impressor Braille, caderno de telefones, agenda de compromissos, calculadora, jogos e até acesso à Internet.

Segundo Paulo Roberto Cândido, o uso do computador entre as pessoas com necessidades especiais não deve ser mistificado. "A computação não é a profissão que vai abrir todas as portas para o deficiente. Existem outras atividades que também têm sua importância", avalia.

Uma aprendiz entusiasmada

Renata Rocha adora fazer cartões festivos com o auxílio do computador. Ela usa o programa PrintArtist para confeccionar os impressos com motivos coloridos, que são prontamente distribuídos entre a mãe, os irmãos e os sobrinhos. "Eu faço cartões de Natal, Dia da Mães e aniversário", explica.

Renata descobriu a computação há dois anos, quando participava de sessões de terapia ocupacional. "Surgiu uma brecha terapêutica, e a sugestão foi que ela tentasse usar o computador", recorda a psicóloga Luciana Beco, professora de Informática de Renata. "Inicialmente era só a título de experiência, mas ela foi ganhando confiança", afirma.

Renata é portadora da Síndrome de Down - uma disfunção genética ocasionada pela trissomia do cromossomo 21. A Síndrome provoca o retardamento intelectivo e motor do portador, além de disfunções orgânicas. Aos 44 anos, Renata não sabe ler e escrever.

Mas a doença não parece conter a vontade e a empolgação da aluna de Informática. Depois que herdou o computador do irmão, ela costuma passar "a tarde toda" diante do micro. "Lá em casa ninguém sabe usar o computador. Só eu", revela.

Renata conta com a ajuda da professora durante a produção dos cartões coloridos que distribui entre a família. "A Renata dita o texto, eu copio num papel e ela digita tudo certinho no computador. É ela quem escolhe o modelo do cartão e o tipo de letra que vai usar", explica a psicóloga Luciana Beco. 

Deficiente visual programa há 19 anos

Francisco Ferreira da Silva - o Ferreirinha - é programador da Teleceará há 19 anos. O primeiro contato com a computação aconteceu em 1978, quando o Instituto Benjamim Constant do Rio de Janeiro promoveu um curso de Informática especial para cegos. "Aprendi computação, e isso não foi desgastante", diz.

Segundo Ferreirinha, o fato de ser cego não impede a utilização do micro. "A gente usa um terminal com sintetizador de voz - o sistema transforma em som tudo o que está escrito na tela", explica. Além do sintetizador, Ferreirinha trabalha com uma impressora em Braille - a linguagem em alto relevo utilizada pelos cegos.

O programador diz que a Informática surgiu como uma "novidade" para as pessoas portadoras de deficiências. "No início procurei a computação por conveniência. A Informática era a coqueluche do momento, e a gente foi mais pela empolgação. Hoje trabalho por uma questão de necessidade", avalia.

Ferreirinha nasceu com atrofia no nervo ótico, e teve visão parcial até os 10 anos de idade. "A pouca visão que eu tinha perdi em poucas horas. Comecei a perder de manhã cedo e de noite não enxergava mais nada", recorda.

Antes da computação, Ferreirinha estudou piano, violão, harmonia e educação musical. "Cheguei à conclusão que deveria lutar por mim. À medida em que o tempo vai passando, a gente vai pegando empolgação", avalia. 

Autista usa a internet para conversar

Francisco Barbosa Neto - o Netinho - é autista, tem 16 anos e há dois usa a Internet como fonte de pesquisa e ferramenta de comunicação. Ele é um dos quase 100 autistas que freqüentam a Casa da Esperança - uma entidade não governamental criada em 1993.

Netinho participa da Oficina Protegida de Computação, uma atividade que potencializa o interesse dos alunos pela Informática. Ele diz que usa a Internet para se comunicar "com as pessoas que puder". Por e-mail, Netinho concedeu a seguinte entrevista ao Inform@tica. 

O que você mais gosta de fazer com o computador?

Netinho - Eu gosto de navegar, para isso nos conectamos.

Você gosta de acessar a Internet?

Netinho - Gosto e como me acostumo.

Quais os assuntos que você prefere explorar na Internet?

Netinho - Assuntos variados, por exemplo Cadê? (site de busca cujo endereço é http://www.cade.com.br).

Você usa o computador para participar de chats? Com quais pessoas você costuma conversar?

Netinho - Com as pessoas que eu puder.

Quando você começou a se interessar por computadores?

Netinho - Desde fevereiro, porque não tinha jeito de estudar num colégio sequer.

Como você conheceu o computador?

Netinho - Conheci assim: li revistas de Informática falando de softwares e de hardwares.

Você aprendeu a usar sozinho ou com a ajuda de alguém?

Netinho - Tanto sozinho como a ajuda do Alexandre (Mapurunga, instrutor de Informática da Casa da Esperança).

Como é a oficina de computação que você participa na Casa da Esperança? O que você faz durante a oficina?

Netinho - Faço curso de computação. A oficina tem quase que pouco espaço para colocar os aparelhos.

Seus colegas da Casa da Esperança também gostam de computadores?

Netinho - É claro que sim.

Antes de entrar na Casa da Esperança você já usava computadores?

Netinho - Nunca usei. O pai e a mãe não tinham dinheiro.

Alguma coisa mudou na sua vida depois que você começou a usar o computador?

Netinho - Pelo menos até agora, muito mudou, mas minha vida não parecia nada fácil. 

Alternativa para continuar trabalhando

Adolfo Ítalo usa o computador há seis meses. Ele já aprendeu a fazer cartões de apresentação e currículos profissionais com o auxílio do micro. "Não fiz curso nenhum. Aprendi tudo sozinho e com a ajuda das minhas três filhas", explica.

Adolfo diz que aprendeu a usar o programa Print Artist "na marra". "Ficava travando o computador e não conseguia decorar os comandos. Eu sempre chamava um amigo que tem computador para me ajudar".

Antes de ser acometido por uma Paralisia Espástica Tropical, Adolfo era representante comercial de produtos de serigrafia. "Eu tinha um bom escritório no Centro da cidade e cheguei a trabalhar com seis boas representações", recorda.

A agravação da Paralisia coincidiu com o declínio da atividade profissional de Adolfo. A solução encontrada pelo representante comercial para continuar trabalhando foi a aquisição de um computador. "Como não posso trabalhar em pé, comecei a fazer cartões aqui em casa mesmo", diz.

Ele comprou um micro 586, com processador 166MHz e 32MB de memória RAM, mas não pôde usar o equipamento durante muito tempo. "Tive que fazer um exame muito caro e fui obrigado a vender o computador. Foi aí que veio meu choque, porque com ele eu tinha o sustento em parte da minha família".

Adolfo continua trabalhando em casa - agora com um micro emprestado. Como não pode comprar um novo computador, ele diz estar aberto a parcerias. "Eu tenho a mão-de-obra e estou disposto a fazer uma permuta com quem tenha o equipamento", diz. 

Número de portadores de portadores de deficiências

No Brasil

* Cegueira - 145.857

* Surdez - 173.579

* Hemiplegia - 208.572

* Paraplegia - 201.592

* Tetraplegia - 46.998

* Falta de membro(s) ou parte dele(s) - 145.168

* Mental - 658.917

* Mais de uma deficiência - 87.071

* Nenhum dos enumerados ou sem deficiência - 144.616.762

* Sem declaração - 531.234

No Ceará

* Cegueira - 8.597

* Surdez - 7.964

* Hemiplegia - 7.375

* Paraplegia - 11.457

* Tetraplegia - 1.913

* Falta de membro(s) ou parte dele(s) - 5.579

* Mental - 28.387

* Mais de uma deficiência - 3.819

* Nenhum dos enumerados ou sem deficiência - 6.269.808

* Sem declaração - 21.215 

Fonte: Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referente a 1991. Dados colhidos a partir de questionários aplicados a cada dez domicílios visitados. Os números refletem uma amostragem da população do Brasil, e não a totalidade de pessoas portadoras de deficiências no País.  

Sites brasileiros sobre pessoas com necessidades espeiciais

* 24H/Dicas - http://www.estado.com.br/edicao/guias/24h/dicas/dicdef.html

* Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome de Talidomida - http://members.tripod.com/~abpstalidomida/

* Associação de Assistência à Criança Defeituosa - http://www.aacd.org.br/

* Associação de Pais e Amigos de Pessoas Portadoras de Deficiências dos Funcionários do Banco do Brasil - http://www.apabb.com.br/

* Associação Desportiva para Deficientes - http://www.add.com.br/

* Associação do Jovem Aprendiz - http://www.aja.org.br/

* Asssociação Rodrigues Mendes - http://www.arm.org.br/

* Casa da Esperança - http://www.autismo.com

* Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro - http://www.ibase.org.br/~cvirj/

* Declaração dos Direitos dos Deficientes Mentais - http://www.mbonline/cedipod/w6dddm.htm

* Dedos dos Pés - http://www.truenet.com.br/ronaldo/

* Deficiente - http://www.geocities.com/HotSprings/7455/index.html

* Deficientes na Internet - http://www.kyberna.lol.li/behinderte/br_1.htm

* Federação Nacional das APAEs - http://srv3.persocom.com.br/fenapae/

* Fundação Síndrome de Down - http://www.aleph.com.br:80/cdi/

* Infoserv - Produtos e Serviços para Pessoas Portadoras de Deficiência - http://www.aibr.com/infoserve/

* Interfaces para o Deficiente Visual - http://www.epub.org.br/informed/defic.htm

* Lesão Medular - http://www.nitnet.com.br/~joaojce/

* Print Braille - http://www.ele.puc-rio.br/~guy/projetos/printbr.shtml

* Projeto DOSVox - http://www.nce.ufrj.br/aau/dosvox/  

Tecnologias desenvolvidas para portadores de deficiências

* PrintBraille - O PrintBraile é um kit que permite que impressoras matriciais sem nenhuma modificação sejam capazes de imprimir textos em Braile - a linguagem em alto relevo utilizada pelos deficientes visuais.

Informações: guy@ele.puc-rio.br

* DOSVOX - O DOSVOX é um sistema destinado a auxiliar o deficiente visual a fazer uso de computadores através do uso de sintetizador de voz. O sistema foi desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Informações: http://www.nce.ufrj.br/aau/dosvox/

* Sistemas Amplificadores de Telas - Em alguns casos de visão subnormal, uma pequena ampliação da saída do computador já resolve o problema. Pode-se obter a ampliação da saída de vídeo de duas maneiras. A primeira delas é por meio da conexão de um processador com caracteres maiores do que o normal, baseado em hardware. A segunda maneira é utilizar um pacote de software que irá aumentar o tamanho do que aparecer na tela. Este sistema irá oferecer letras e gráficos maiores sem qualquer hardware adicional.

Informações: http://www.epub.org.br/informed/defic.htm

* Sistemas de Reconhecimento de Voz - Os sistemas de reconhecimento de voz estão em um estado tecnológico muito primitivo. Eles permitem evitar o uso do teclado, e podem ser treinados para reconhecer centenas de comandos de um usuário em particular, mas geralmente falham, se necessitam receber comandos de mais de um usuário.

Informações: http://www.epub.org.br/informed/defic.htm

* Simulador de Teclado - O Simulador é um programa que possibilita o uso do computador a pessoas portadoras de deficiências físicas ou motoras. O software coloca na tela uma representação do teclado convencional, realizando varreduras contínuas. A forma de controlá-lo é esperar que a opção desejada seja iluminada e, então, pressionar qualquer tecla do teclado ou dispositivo especial disponível.

Informações: http://phoenix.sce.fct.unl.pt/ribie/cong_1994/DEM2_19.htm

* Virtual Vision - Os deficientes visuais podem usar os recursos do Windows 95 de maneira definitiva. O usuário pressiona as teclas e o Virtual Vision vai narrando quais as funções de cada uma, enquanto o programa verifica se ele está pressionando a tecla certa. Outra opção de ajuda é um texto falado sobre os principais componentes do Windows 95 e suas utilizações.

Informações: Micropower (011) 744-7313

Entidades de assistência a pessoas com necessidades especiais que utilizam computação

* Casa da Esperança - Desenvolve oficinas de Informática para pessoas autistas (avenida José Vilar, 938 - Aldeota - 224.0702).

* Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) - Desenvolve oficinas profissionalizantes em Informática (rua Rogaciano Leite, 2001 - Santa Luzia do Cocó - 273.1441)

* Escola de Letras e Ofícios - Desenvolve oficinas de Informática para adolescentes e adultos com necessidades especiais (rua Coronel Linhares, 943 - Aldeota - 224.0129)

* Sociedade de Assistência ao Cego - Desenvolve cursos profissionalizantes em Informática baseados no método DOSVox (Padre Anchieta 1400 - Monte Castelo - 281.6111)


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