Sociedade de Assistência aos Cegos - SAC |
Bom dia, leitor!
Muitas das recompensas da vida vêm com o
aprendizado da perseverança e do trabalho bem concluído.
Acredito que trabalhar com educação especial é saber amar, pois o
amor é o centro de tudo: das emoções... dos sentimentos... de nossa força... de nossos
objetivos...; pois de alguma forma procura-se construir caminhos, transpor obstáculos e
tornar a vida mais simples para pessoas tão discriminadas e rotuladas.
E através dessas edições diárias procuramos passar sempre um pouco
mais dessas experiências tão marcantes e causadoras de tantas mudanças. Acredito que
qualquer mudança parte de dentro de nós.
Fique de olho! |
Conhecendo o nosso trabalho
As crianças da alfabetização A, são crianças
alegres e dinâmicas. São oito crianças cegas, algumas com deficiências múltiplas, sem
nenhum tipo de dificuldade na aprendizagem, até mesmo porque, aprender tornou-se uma
brincadeira constante e seus recursos (reglete, punção e sorobã) são os brinquedos
prediletos. Na maior parte do tempo, são criativas em toda e qualquer situação ou
conteúdo colocados e principalmente nas contações de estórias, jogos e teatro. Adoram
trabalhar em grupo, mas, quando necessário são independentes na execução de suas
atividades.
Às vezes torna-se difícil a execução dos trabalhos, não pelo
nível de maturidade e aprendizagem de uma criança e sim pela outra deficiência
existente e/ou participação dos pais.
Os conteúdos são os mesmos aplicados em escolas regulares, com apenas
a pequena diferença de termos em nossa metodologia, além da cartilha, uma pré-cartilha,
atividades da vida diária (como escovar os dentes, pentear o cabelo, vestir-se...), jogos
com figuras adaptadas em relevo e com escritas Braille, e recursos educativos especiais.
(...) os movimentos individualização/personalização do ensino correspondem a tentativas de aproximação da ação auxiliar (ensino) ao seu objetivo essencial (educação). Lobo Neto |
Cada dificuldade, confusão e
dúvida são compensadas com mudanças na rotina de sala de aula ou descobertas e
novidades programadas, sem fugir a disciplina e conteúdos correspondentes. |
Jucimar Luiza Jucá Sidney
Destaque
Recursos com qualidades e criatividade, com transcrições e adaptações para o Braille são apenas alguns atrativos utilizados em sala de aula para estimular crianças deficientes visuais e ditas normais. |
Como sugestão de atividade, a professora poderá
aplicar, tanto na educação de crianças na fase preparatória (pré-escolar) - na
representação de sons correspondentes as iniciais dos nomes dos objetos correspondentes;
quanto no período da alfabetização (ou início de 1ª série) - na representação de
palavras e na correspondência de figuras ou objetos.
Utilizando caixas, cartolinas, sucatas, miniaturas e a criatividade,
poderemos fazer cartazes alfabéticos ou silábicos. Observe o desenho acima.
Para montar basta pegar uma caixa cortar, tirar a parte de cima,
deixando apenas o fundo, e diminuir a frente para que fique expostos visualmente os
objetos colocados. Cole na frente da caixa uma letra (ou sílaba) ampliada - para alunos
normais ou de visão sub-normal - e uma letra (ou sílaba) em Braille ampliado do tamanho
da palma da mão para que a criança cega possa ter a visualização total da mesma.
A criança escolherá entre tantos outros objetos aquele que comece com
a letra ou som(sílaba) correspondente ao cartaz-caixa. Ela observará a letra ou sílaba
mostrada e escolherá com ajuda do professor o objeto correspondente.
Todo profissional, mesmo tendo vários anos de trabalhos com crianças portadoras de deficiências, suscitam o crescimento diário, em cada atividade, em cada conferência, em cada momento de sua vida.
Para ler e Refletir Aceita-me do jeito que sou por questão de justiça
e não por piedade.
Torna-me um ser útil porque de esmolas não quero viver.
Livra-me da ignorância e da dependência pelo teu dever de cidadão.
Põe em meus lábios a luz de um sorriso e não a sombra tristonha do
medo.
Ajuda-me a não ser tão pesado a meus pais, fazendo minha
reintegração na sociedade.
Reflete que meu início foi igual ao teu início.
Saiba que as ilusões que cercaram o meu nascer foram as mesmas que
teus pais sonharam.
Desperta, com teu afeto, a minha mansidão contra a agressividade que
avassala.
Olha-me!
Sou humano como você.
Muitas mulheres tornam-se mães por acidente,
algumas por escolha e uma poucas por hábito. No Brasil, 10% das crianças que nasceram
são deficientes.
De alguma maneira, visualiza Deus pairando no ar, sobre a Terra,
selecionando seus instrumentos de propaganda com muita deliberação e atenção. Conforme
observa, vai instruindo seus Anjos para anotarem em um grande livro.
- Para Antônio e Elizabete, mande um menino. Santo padroeiro...
S. Mateus. Para Francisco e Cristina, dê-lhes uma menina, Santa padroeira, santa
Cecília. Daniel e Sônia... gêmeos, Santo padroeiro... dê-lhes São Geraldo; ele já
está acostumado a profanações.
Finalmente, passa um nome ao Anjo e sorri:
- Dê-lhes uma Criança deficiente.
O Anjo curioso pergunta:
- Porque a eles, Senhor, se são tão felizes?
- Exatamente por isso, poderia eu dar uma criança deficiente a
uma mãe que não soubesse sorrir? Seria cruel demais!
- Mas ela é paciente? - pergunta o Anjo.
- Não a quero muito paciente, ou mergulhará num mar de
autopiedade e desespero. Uma vez passado o impacto do choque do ressentimento, ela saberá
controlar a situação. Eu a estive observando: tem a sensibilidade e independência tão
raros e necessárias à mãe. Veja a criança que vou lhe dar, ela terá seu próprio
mundo, e isso não é fácil.
- Mas Senhor, nem mesmo sei se ela acredita na sua
existência!
Deus sorriu.
- Não importa, nisso posso dar um jeitinho. Sim, ela é
perfeita! Tem o egoísmo suficiente.
O Anjo assustou-se:
- Egoísmo? E isso é virtude?
Balançando a cabeça afirmativamente, Deus respondeu:
- Se ela não conseguir separar-se ocasionalmente de seu filho,
não sobreviverá. Sim aqui está a mulher que abençoarei com uma criança menos
perfeita. Ela ainda não tem consciência disto, mas É UMA ESCOLHIDA. Ela nunca
desprezará uma palavra dita, nunca considerará um passo como corriqueiro. Quando seu
filho pela primeira vez puder dizer mamãe, ela presenciará um milagre e
saberá que é um milagre. A ela darei o dom de ver claramente o que Eu vejo, ignorância,
crueldade, preconceito... e dar-lhe-ei o dom de passar sobre elas, nunca estando sozinha.
Estarei a seu lado cada minuto de cada dia de sua vida, porque ela estará fazendo meu
trabalho tão bem como se estivesse aqui ao meu lado.
- E o santo padroeiro, quem será? - perguntou o Anjo com a
caneta no ar.
Deus sorriu:
- Um espelho, para a mãe, será suficiente.
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