Símbolo do SINDICATO DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO NO ESTADO DO CEARÁ - SIMEC
SIMEC EM REVISTA
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO NO ESTADO DO CEARÁ
ANO II / Nº 10
Outubro de 2014
Fortaleza - Ceará - Brasil
http://www.simec.org.br

Responsabilidade Social


Sociedade de Assistência aos Cegos

A Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), atual­mente presidida pela Sra. Maria Josélia Sá e Almeida, chega aos seus 72 anos de existência, com uma história de pioneirismo e trabalho em favor dos cegos do estado do Ceará, iniciada em 1942, fruto do idealismo e da solidariedade que persiste até os dias de hoje ampa­rado em valores emanados da mensagem do seu primeiro presidente, o Padre Arquimedes Bruno, que muito contri­buiu para sensibilizar a sociedade cearense para esta causa. Outros dois nomes muito lembrados por aqueles que ora fazem a SAC, são os dos doutores Hélio Góes Ferreira e Waldo Pessoa, cuja atuação em prol da defesa dos direitos das pessoas cegas, deram vida e consequência à instituição. Para conhecer melhor o trabalho desenvolvido, a "SIMEC em Revista" ouviu a presidente Josélia Sá.

Sociedade de Assistência aos Cegos

Quais as ações desenvolvidas pela SAC e como se dá sua atuação?
A Sociedade de Assistência aos Cegos é pioneira na rea­bilitação de pessoas com deficiência visual. Por meio do Instituto Hélio Góes oferece ensino gratuito de qualidade desde a educação infantil, ensino fundamental e reabilita­ções. Com o corpo docente formado por pedagogos, com o curso de formação na área da deficiência visual e com especializações afins, propicia a oportunidade de inclusão dos alunos através do ensino diferenciado. Entre as ativi­dades e projetos desenvolvidos pela SAC, podemos desta­car: Serviço Social: onde são realizados os atendimentos e encaminhamentos nas áreas de Prevenção, Saúde e Pro­fissionalização. Além disso, os assistidos recebem assistên­cia alimentar, vale transporte e participam de palestras e cursos profissionalizantes. No Centro de Prevenção a Cegueira, uma equipe multidisciplinar formada por psi­cólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, odontólogo e estimulador visual, realiza trabalhos de estimulação específicos, de acordo com as dificuldades e deficiência dos assistidos para que eles tenham um melhor desenvolvimento. Artes e Ofícios: através de oficinas artesanais, a SAC estimula a criatividade e sensibilidade dos alunos, ao mesmo tempo em que trabalha suas habilidades motoras faz um resgate para um novo olhar para a vida. Projeto Cultural "Tudo a Ver": a SAC procura integrar alunos e assistidos desenvolvendo seus potenciais artísticos através da música e da dança. A cada ano o projeto revela novos talentos. Orientação e Mobilidade: nas aulas de Orienta­ção e Mobilidade, os alunos aprendem técnicas de utili­zação correta da bengala e proteção contra acidentes. Este aprendizado os ajuda a aumentar o grau de independên­cia em relação às atividades diárias e desenvolver a auto­confiança contribuindo para a integração do deficiente visual na sociedade.

Como o trabalho desenvolvido pela SAC pode trans­formar a vida de pessoas que precisam ser inseridas no mercado de trabalho?
A SAC promove ações de Prevenção, Educação, Reabili­tação e Profissionalização, objetivando a inclusão de defi­cientes visuais. Diversas parcerias foram realizadas na época para engajamento destes no mercado formal de trabalho. No início, os deficientes visuais participavam de oficinas e cursos profissionalizantes como: Telefonia, Auxiliar de Câmera Escura, Empacotamento, Bijuterias, entre outros. Com a efetivação das conquistas sociais impulsionadas pela criação de leis, mudanças aconteceram no mundo do trabalho fazendo com que os deficientes tivessem mais participação na sociedade. A Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, que estabelece cotas às empresas na contratação de deficientes no seu quadro de funcionários veio contribuir com o aumento do número de deficientes engajados no mercado de trabalho. Mas mesmo com a obrigatoriedade da "Lei de cotas" muitos desafios surgiram e continuam a surgir. A Sociedade de Assistência aos Cegos ao longo dos anos possui inúmeros casos de sucesso de deficientes visuais que ultrapassaram limites e hoje conquistaram seu espaço no mercado de trabalho. Vale ressaltar que houve um significativo aumento no nível de escolaridade de deficien­tes visuais e hoje existe por parte dos mesmos uma grande procura por esta­bilidade no emprego, fazendo com que muitos optem por concursos públicos.

Ações da SAC

* Instituto Hélio Góes
* Serviço Social
* Setor de Prevenção a Cegueira
* Artes e Ofícios
* Projeto Cultural Tudo a Ver
* Biblioreca Braille josélia Almeida
* Centro de Gravação de Áudio-Livro
* Imprensa Braille Rosa Baquit
* Centro de Estudos Dosvox Dr. José Antônio Borges
* Orientação e Mobilidade
* Esportes e Hidroterapia

Josélia Sá - Presidente da SAC
Josélia Sá
Presidente da SAC

Quais são as principais dificuldades enfrentadas pela Sociedade de Assis­tência aos Cegos em relação à execu­ção dos projetos?
Somos uma Instituição filantrópica sem fins lucrativos e a nossa sustentação vem das verbas Captadas pelo setor de saúde, que inclui a Unidade Oftalmológica Iêda Otoch Baquit e o Hospital Alberto Baquír Junior, que atendem' pacientes dos convênios e do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como as consultas particulares e consultas com preços populares. O Hospital Alberto Baquit Júnior é uma referência no se­tor de oftalmologia do estado do Cea­rá. Além disso, ele é um dos pilares de sustentação da SAC, pois os recursos arrecadados com os procedimentos são aplicados nos projetos filantrópicos da entidade e na própria manutenção do hospital. Desta forma, as dificuldades que enfrentamos para a execução dos projetos de inclusão social de pessoas com deficiência visual, estão relaciona­das às baixas nas estatísticas desses aten­dimentos de saúde ocular, em função da queda pela procura das consultas, exames e cirurgias conveniadas ou par­ticulares, além da diminuição das cotas do SUS e da defasagem entre a presta­ção do serviço pelo SUS e o pagamento do Gestor do Sistema.

Como a senhora vê o papel reservado à classe empresarial nesse processo?
A classe empresarial precisa compre­ender que a responsabilidade social é tão importante quanto a responsabi­lidade fiscal. As grandes empresas são aquelas que cumprem· o seu papel no desenvolvimento econômico, sem esquecer a atenção com o bem estar social da comunidade, do Estado, do País e do Mundo. O empresariado brasilei­ro muito contribuiria para a inclusão profissional das pessoas com deficiência visual, oferecendo treinamentos e adaptando ambientes laborais de acor­do com as normas de acessibilidade, acreditando na eficiência e comprome­timento das pessoas cegas e com baixa visão no exercício de suas funções e na normalidade de convívio com outros funcionários sem deficiências aparen­te. Importante ressaltar que, a pessoa com cegueira, quando reabilitada em sua cidadania e qualificada ao trabalho adequadamente, é capaz de ocupar di­versos cargos no mercado de trabalho, desmistificando aquele entendimento de que os cegos só podem ser massoterapeutas, sanfoneiros, operador de câ­mara escura, telefonistas ou cargos me­nos importantes dentro das empresas. Na Sociedade de Assistência aos Cegos temos vários exemplos de engenheiros, médicos, comunicadores, professores, nutricionistas, psicólogos, entre outras profissões, que mesmo com deficiência visual, são profissionais exemplares.


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