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Jornal O PARANÁ EDUCAÇÃO
Sexta-feira - 11-01-2002
Cascavel - Paraná - Brasil
Geoplano chega com sucesso a Fortaleza


Método criado por um professor da instituição é apresentado em curso

      Para professores que contam com deficientes visuais em suas classes e desejam maximizar seus resultados é imprescindível a utilização de instrumentos concretos. Essa linha de pensamento já vem sendo adotada pela Unipan, fator que resultou na criação do Geoplano - método utilizado no ensino de matem tica e estatística para cegos. O sucesso do método vem se Espalhando pelo Brasil e acaba de chegar a Fortaleza, onde o professor Rubens Ferronato, criador e coordenador do projeto, acompanhado de sua esposa Maria Ferronato, ministraram curso de 40 horas entre os dias 17 a 21 de dezembro.

Foto do Jornal O PARANÁ EDUCAÇÃO
Ferronato, criador do projeto, com professores de Fortaleza

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Maria auxilia alunos cegos na descoberta da matemática

      O convite foi realizado pelos diretores da Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), instituição não-governamental criada ainda em 1942 com objetivo de tirar cegos das ruas. Com a participação inicial de 18 professores, e finalizado com 26 participantes entre educadores e alunos cegos, o evento foi desenvolvido dentro do programa de inclusão e superou todas as expectativas, resultando em novos convites, inclusive para apresentar o método em Belém do Pará. Recentemente o Geoplano foi apresentado no Rio de Janeiro, em minicurso de 3 horas.

      Durante o curso foram realizados métodos de resolução de operações como adição, subtração, multiplicação e divisão, além de potenciação, radiciação e outras como sistemas de equações, razão e proporção, regra de três, funções de primeiro e segundo grau, figuras e cálculos geométricos, trigonometria, estatística e, finalizando com a construção de figuras no computador com a utilização do geoplano virtual, software que está sendo desenvolvido pelo estudante Ronaldo Fernandes, da Unipan.
      Todo o trabalho foi possível com a combinação do Geoplano e o método Braille. O novo método foi muito elogiado pelos participantes. A professora Elizangela Bezerra Magalhães, por exemplo, disse que o Geoplano é "tão revolucionário quanto o Braille". O professor Paulo Roberto preferiu fazer uma homenagem a esta descoberta através de uma poesia, intitulando-a de "Plano Sonhado".
      O curso contou com a participação de dois alunos cegos - Valfrido e Celso André - que se empolgaram e emocionaram ao perceber que a matemática pode ser compreendida da mesma forma que um aluno vidente, segundo eles "um recurso tão simples e de grandes resultados".

NO CONCRETO

      "Trabalhar matemática com alunos deficientes visuais parece ser uma tarefa não muito fácil. Isso porque esses alunos precisam estar em contato direto com o que está sendo ensinado. Ou seja, eles precisam sentir para poder fazer suas abstrações. Como o deficiente visual não pode visualizar o que é mostrado em figuras, resta ao professor explorar outros sentidos para suprir essa falta, como, tato e audição. Para o deficiente visual, é através da exploração tátil que chegam a maior parte das informações. As mãos, dessa forma, têm papel fundamental pois suprem essa deficiência", explica o professor, fundamentando seu projeto na teoria construtivista de Piaget, onde as crianças assimilam melhor quando trabalham com o concreto. "E fácil imaginar o que isso significa para o deficiente visual, que tem o concreto, no palpável, seu ponto de apoio para as abstrações".
      O Geoplano foi criado pelo professor Rubens Ferronato e conta com a colaboração do professor Deonir Luís Kurek e dos alunos Ivã José de Pádua e Ronaldo Fernandes, da Unipan.


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