Discurso feito quando lhe foi
outorgado o título de
Sócia Honorária da Sociedade de Assistência aos Cegos
Existem certas circunstâncias nas quais nos deparamos ao longo da vida, em que a vaidade deixa de ser um defeito, para se revelar como virtude. É o caso de determinadas homenagens, onde o orgulho de ser homenageada paira acima da questão pessoal, ocupando um espaço nobre em nossa vida, diluindo possível desejo imoderado de atrair admiração. |
Esta homenagem que ora recebo, concretizada através
da outorga do título de sócio honorário como membro da Sociedade de Assistência aos
Cegos, mais que envaidecida, me deixa orgulhosa, numa pureza de espírito onde a
frivolidade se deixa ofuscar pelo sentimento de altivez.
Passo, assim, na qualidade de sócia honorária, a integrar essa
sociedade, que se mostra uma das mais tradicionais de nossa terra, prestando relevantes
serviços há quase sessenta anos, desde que foi fundada em 1942.
E é exatamente por esses relevantes serviços, em prol dos deficientes
visuais, que nos leva àquela sensação de felicidade imensa, no instante em que passamos
a fazer parte de tão significativa sociedade.
Em nosso mundo, onde a discriminação aflora em vários contextos,
seja no aspecto racial, étnico, social, religioso e até em relação aos portadores de
alguma deficiência física, qualquer trabalho que se faça para minorar essa
discriminação, é digno de elogios.
No caso da Sociedade de Assistência aos Cegos, um trabalho incansável
e diuturno, arrastando-se por mais de meio século, é a prova viva de que ainda existem
bons propósitos em nosso meio, para minorar o sofrimento daqueles que não tiveram a
dádiva de algum bem precioso da vida, como é o caso dos deficientes visuais, privados da
luz de cada manhã.
Pelos caminhos generosos do Criador, porém, essa luz que deveria
percorrer a retina de alguns de nossos irmãos, chega na consciência dos que integram
essa sociedade, para dar um pouco de seu tempo e esforço, em prol dessa categoria de
deficientes visuais.
Como sócia honorária, posso garantir que também procurarei dar um
pouco de mim, em prol do engrandecimento cada vez maior da Sociedade de Assistência aos
Cegos.
Quero, porém, expressar meu sorriso de gratidão, por ser
inalcançável em sua forma física aos queridos cegos, em forma de mensagem, através das
belas palavras do livro de Salmos na Bíblia. Recebam, assim, o que ora vou dizer, como um
sorriso materializado em forma auditiva: "o Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor
levanta os abatidos; o Senhor ama os justos".
Fortaleza, 19 de Abril de 1999
Águeda Passos Rodrigues Martins
Desembargadora
do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará
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