SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AOS CEGOS
60 ANOS
Ensinando a Ver o Mundo
Blanchard Girão
Páginas: 183-186
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CAPÍTULO VI
A AUTONOMIA
DE UM CEGO NA
DINÂMICA SOCIAL
ORIENTAÇÃO NAS RUAS
Como parte integrante da equipe
multidisciplinar do Instituto, o Serviço Social assume a responsabilidade de dotar a
pessoa cega da capacidade de locomover-se e agir independentemente, sem aquela clássica e
total dependência do guia.
A Orientação e Mobilidade é uma das áreas a serem trabalhadas
na habilitação e reabilitação do cego. Dentro do processo de reabilitação, a
principal dificuldade é a falta de aceitação da deficiência pelo aluno.
O programa de O & M deve seguir algumas etapas para o
desenvolvimento do treinamento e auxiliar o aluno na aquisição da capacidade de
orientar-se sozinho. O treinamento deverá ser individualizado com carga horária de
aproximadamente 300 h/a.
Inicialmente, o aluno aprende a ser conduzido por um guia
vidente, além de adquirir informações táteis, audíveis e cinestésicas para um
aprendizado seguro e eficiente.
A locomoção passa primeiro em ambiente interno, independente do
seu guia, usando seus braços e suas mãos para se proteger. Em seguida, é introduzido o
uso da bengala longa, que dará ao aluno uma segurança maior.
Nas áreas externas, o aluno deverá seguir as mesmas regras das
áreas internas, com habilidades de planejar e alternar traçados, bem como experimentar
novas situações como atravessar ruas, calçadas, além de considerar a presença de
pedestres para conseguir ajuda quando se fizer necessário.
PROFESSORES
O professor de Orientação e
Mobilidade deve ser especializado nesse campo, com formação metodológica e didática
que o capacite ao preparo do aluno para se locomover independentemente.
O professor participa como guia do aluno no primeiro estágio da
locomoção e o ajuda a manter sua orientação com a inserção da bengala longa.
Cabe-lhe a incumbência de reforçar o rendimento do aluno, permanecendo ao seu lado e
dando-lhe informações sempre que for necessário. Porém, gradualmente, o professor deve
retirar-se da situação, a fim de permitir que o aluno se desoriente e, assim, aprenda a
restabelecer sua localização. Ele pode, inclusive, permitir que o aluno dê batidas,
ocasionalmente, de modo a condicioná-lo à necessidade de dominar as técnicas mais
adequadas, sem a dependência do professor-guia a todo instante.
Observa-se, assim, que o professor de O & M precisa estar
adequadamente preparado para também considerar os aspectos psicossociais ao planejar suas
aulas, propiciando ao aluno igualmente oportunidades para o relacionamento social com o
público, principalmente na sua comunidade.
O CEGO AUTÔNOMO
O deficiente visual habilitado ou reabilitado pelo programa de Orientação e Mobilidade ganha sinal verde para sua ativa participação na sociedade, superando em muito as atitudes negativas ou indiferentes do público em relação à pessoa cega. Ele se mune das condições mais eficientes para o seu deslocamento no cotidiano, dominando os caminhos e encontrando os espaços para exercitar sua atividade.
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